domingo, 6 de maio de 2007

A Alemanha cura



Chegamos aqui doentes. Newton com uma ulcera por stress. Alimentação é que não podia ser já que eu cuido dela como uma nutricionista. E eu com o tal stress pós traumático causado pelo assalto e por algumas “cositas mas”…Rennan com pesadelos e nina ainda não conseguimos decifrar bem. Newton diz para não me preocupar, mas eu a acho uma bebe irritadiça. Não acredito que um bebe saia ilesa ao stress dos pais.

Mas o importante agora é que estamos todos bem. Quando o Newton viajou pela primeira vez me deu um pouco de medo. Fechei todas as portas na hora de dormir e pronto. Eu me senti segura. Tive que ser ajudada pelos amigos um dia em que faltou minha respiração, mas um só dia. Isso foi uma vitoria maravilhosa, que sensação!!!

Dirijo sem medo, caminho pela cidade sem medo, até no escuro. Vivo sem medo agora. Poxa, nem sabia mais o que era viver sem medo!! Sem a expectativa de que algo ruim pudesse acontecer na próxima esquina, ou no próximo sinal ou provocado por uma pessoa nas próximas ferias….

Meu coração não está mais acelerado, minha boca não seca mais a não ser de correr com as crianças na mata. Já não sinto a testa quente em meio a uma ansiedade de um momento de duvida. Nem tenho mais isso. Tudo é tão certo. Certinho….como diriam os brasileiros sobre nossos novos e belos caminhos…



Já não temo pela volta do Newton para casa. Nem mais ligo para o celular dele. Nem decorei o numero!!!!!! Já não imagino que algum homem estranho que se aproxime seja um ladrão ou que se alguém tira um objeto do bolso é arma. Medo, susto, pânico não mais.


Caminho tranquilamente para o carro sem pressa e sem olhar para os lados. Não temo a rua, a escuridão, o vazio. Paro o carro para falar ao celular, fazer anotações, procurar endereços, sem pressa, sem stress, sem correria. Carro? Quase não dirijo, caminho para onde quero. Aliás, meus dias tem sido vagarosos, lentos, animadamente calmos. Não há nada que me inquiete. Meus filhos estão bem, sei sempre onde meu marido está, tudo é tão previsível…..Tudo é tão rotineiro, nada sai do lugar.



Com certeza não sou mais estressada, acho que estou curada !!
Newton também esta curado. E isso foi diagnosticado. Fomos hoje para o medico. Ele fez a endoscopia e o resultado? é que a ulcera cicatrizou. Ufa. Por essa ele passou. A Alemanha curou o meu amor!

Rennan não tem mais pesadelos, dorme tranquilo e feliz, acorda e vem nos dar bom dia como uma criança em paz. Nina continua irritadiça, mas é alegre, contente e segura. Quando cito o jeito de se irritar fácil dela as pessoas dizem: é “temperament”. Temperamento brasileiro...




Essa paz, tranquilidade, serenidade, silencio e sossego desse lugar acalmou as nossas almas, lavou nosso espírito nas águas dos rios e voamos em liberdade pelas montanhas de Bad Marienberg. Sem duvida tudo ao som da orquestra do Salão do reino. O som da musica clássica sempre me trouxe paz. Imagina ao vivo e a cores e musicas falam da bíblia e das palavras que mantém a mente sã.

 Ah e o amor? Como diz a bíblia esse é o maior de todos. A atenção, consideração, respeito ,carinho??O amor de nossos novos amigos que nos abrigaram como uma família nos deu segurança. O amor também cura!!


As montanhas, o ar da mata, o frescor da floresta, o canto dos pássaros, o caminhar lento e sossegado da madrugada, a rotina previsível dos dias, a voz mansa e carinhosa dos amigos, o amor no peito, nosso Deus tão perto. a Alemanha. Tudo isso. Nossa nova vida. Não somos mais uma família sofrida, somos uma família em paz e muito querida.

Somos hoje uma família revigorada. A Alemanha nos curou!! A família Honório Lima esta curada!!!!!



sábado, 5 de maio de 2007

Chaves da casa, confiança, prevençao, pequeno descuido no Brasil, grande na Alemanha.

Chaves da casa, confiança, prevenção, pequeno descuido no Brasil, grande na Alemanha.

Estávamos lá fora, aproveitando o sol. Os três, sentados na calçada admirando o pouco movimento dos belos carros, os velhinhos passando para a caminhada, numa bela manha ensolarada e descalços para que em especial , paraos pequenos , tomassem banho de sol.

De repente meus pequenos, no entra e sai, bate a porta, aí lembrei na hora: a chave está por dentro. E agora??
De imediato, lembrei-me dos vizinhos queridos os Figers e os Wolfs e o outro casal de irmãos velhinhos. Mas como incomodá-los? Não, primeiro vamos tentar abrir já que a porta da sala está semi aberta. Eu tentei, filho tentou, passou um rapaz simpático que é nosso vizinho e tentou e tentou…nada. Essas portas e janelas mesmo semi abertas são inatingiveis. Ao menos isso está servindo para eu me sentir mais segura ainda nessa casa, pois não se abre por fora mesmo. Nem estando destrancada. Após mais ou menos uma hora tentando e usando até galhos, pau, a ferramenta do vizinho…nada. Desistimos. Fomos então a pé e descalços até os amigos buscar ajuda O chão já estava frio visto que o sol cedeu. Nina tão pequenininha descalça nesse chão frio…Marlene não estava la e agora? Vamos aos Wolfs. filhote foi sozinho e voltou com a informação de que o locatário tem a chave da casa.
 Mas como assim a chave da minha casa com o Locatário? Com outra pessoa? É sim, isso é comum aqui. Para em casos de emergência eles tenham como entrar na casa. Bem , foi rápido, cidade pequena é assim. E os amigos foram la no locatario, pegaram a chave da porta e abriram  e escutamos desses muiiiiiiiiiiit!!!!!!!!!!!!!! várias instruções de como isso não mais acontecer e de como prevenir:

Você deve sempre manter 2 cópias: uma no carro e outra com um vizinho de sua confiança. Há pessoas que deixam uma cópia também no jardim, em algum lugar. Ai minha cabeça brasileira pensou: mas do que adianta no carro se ele estaria fechado?? Só depois de mais algum tempo aqui descobri que as pessoas costumam deixar seus carros e suas garagens destrancadas. Gente, que estranho, eu nunca vou fazer isso.  E o fato de deixar com vizinhos e jardins é porque confiam um nos outros e de que nenhum estranho invadirá seu jardim muito menos procurando uma chave. Lembrei da época do Brasil em que costumávamos deixar chaves embaixo de tapetes , dentro d e jarros, ou até mesmo com a empregada, a qual tinha uma cópia oficial. Ai pensei: É, um dia já vivemos como vocês!!!! Mas acho que hoje em dia nem em Quixada se faz mais isso. As vezes sinto-me voltando ao tempo aqui.....
Mas aqui eles cuidam da seguranca tambem, possuem despositivos, sao precavidos. Mesmo nao acontecendo nada....

O interessante foi perceber que esse pequeno descuido foi comentado como um grande descuido e alguns ate justificavam-o por eu ter vindo do Brasil estressada, com stress pós traumático e isso ter mexido com minha cabeça, mas os mais observadores não exitaram de achar a razão mais cabivel: é que os brasileiros não costumam prevenir né, e nem confiar chaves a ninguém. Eu me senti constrangida, como se só eu cometesse erros por aqui e como se todos fossem perfeitos, mas deixei pra lá, passou, vou aprender com eles e pronto. Como eu passo vergonha na Alemanha!!! A Marlene logo se ofereceu a ficar com uma chave nossa esticando esse assunto por algum tempo, mas carinhosamente dando-nos conselhos de como prevenir acontecimentos como esses.

Dá-lhe Alemanha na familia brasileira aqui...; Lição sabe se la que numero: PREVENIR PARA NÃO REMEDIAR

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Primeira longa viagem do papa Newton a trabalho.Como ficamos!!!


Newton vai ao Brasil a trabalho. Nossa família não está acostumada a se separar. Somos grudados...Papa tem que trabalhar !! “Ora será otimo”, eu digo as crianças.” Ele vai trazer nossa s guloseimas brasileiras!” e assim fizemos a lista alegremente: Sustagem para a nina, geleia de mocoto para  creme de leite light para a mamãe, Herbalife para papai emagrecer, farinha, feijão, doce de goiaba…..uhmmmm quantas delicias o Brasil tem!!!

Papai partiu sem muito choro. E a mama aqui? Ficou com medo, com pânico, temerosa da vida aqui por não falar alemão ainda? NÃO !!!!!!!!!!!!!!!!!! Nada disso.

Fiquei ótima, confiante, auto suficiente. Estamos tão bem aqui e nos sentimos tão seguros; temos a ajuda dos irmãos para tudo que precisamos e eu falo inglês. Keine problem!!!!!!

E ficamos mesmo muito bem. Ao som de nossos Dvds brasileiros, passávamos o dia a cantar e dançar. Eu resolvia tudo sozinha, supermercados, creche, reuniões. Os irmãos trataram de nos convidar a estarmos juntos das familias deles. Fomos a um churrasco , fomos convidados a jantar com outra familia etc. Rennan passou alguns domingos com ooutros e assim tudo foi facilitado.

Eu tive sim um pouco de medo no começo,pois para a minha cultura brasileira uma mulher com duas crianças pequenas sozinha a noite numa casa sem muro??? Ai da medo. Os irmãos, apesar de jurarem que nada aconteceria e que nunca nada acontece nessa região, mas para que eu não sofresse a ansiedade do medo, como sabem do problema com o qual vim do Brasil, providenciaram uma irmã, a Dorothi para dormir por uma semana aqui conosco. E lá se vem a Dorothy tarde da noite apos deixar a mãe em casa, com seus cobertores, travesseiros e bolsinha. No café da manha foi maravilhoso ter a companhia dela. Mas só 2 vezes já que ela saia às 5 da manha para trabalhar. Além de pioneira regular, Dorothi trabalha no hospital de pessoas idosas e tá terminando um curso para se especializar nos cuidados de idosos. Quanta energia!!! E ainda acha tempo para ajudar mães como eu. Muito lindo o amor agape né. Ela mal me conhece! Uma jovem admirável! Agradecemos a dedicação dela com chocolates de coração e um colar brasileiro.

Era engraçado o fato de minhas tias queridas Dada e Voninha me ligarem preocupadas por eu estar só. Eu não me sentia só. E estava tão feliz!!!! Eu e as crianças estávamos curtindo a vida mansa. A tranquilidade e a segurança. Mas eu apreciava muito a preocupação delas. Parece que a distancia deixa os familiares mais considerativos com a gente. Lá no Brasil quantas vezes fiquei só e com muito medo….Mas aqui realmente eu não sinto medo.

A saudade apertou e a pequena dava trabalho a noite. Mas nada que não fosse administrável pela Mama aqui e o filhote, meu mini homem da casa, colaborava em cuidar e acalmar a maninha Passamos a cantarolar para o pai cancoes que tocavam nossos coracoes saudosos. Cantávamos Tom Jobim para ele no telefone: Chega de saudade….quando ele voltar, que coisa linda, que coisa boa, pois haverá menos peixinhos a nadar no mar do que os beijinhos que eu darei na sua boca…..

E assim Bossa nova foi o fundo musical dessa nossa historia de saudade, mas de maravilhosos dias sem o papai.Mais de um mês. Ufa!!!!

Newton demorou mais do que o programado,mas eu o tranquilizei ao telefone e alegremente disse: keine problem, no problem, dont worry be happy , pode trabalhar tranquilo que sua família esta OTIMA. Agora eu que falo: acorda Newton, sua família está na Alemanha!!!!!!!

Creche na Alemanha



Nosso filhote com 5 anos e meio entra na creche alemã. Aqui as crianças só vão para a escola a partir dos 6 anos e até então ficam na creche, normalmente dos 3 aos 6 anos.

Há um período de adaptação, nele, a mãe pode e deve passar uma semana indo a creche com o filho e participando das atividades junto a ele. Diferente do Brasil que na creche do meu filho não nos era permitido nem olhar pois nossa presença poderia trazer nas outras crianças saudade , falta e tristeza pela ausência de seus pais.

Então passei uma semana indo a creche com o filhote e no fim dessa semana a minha estadia lá deveria ser diminuída gradativamente por horas, até que eu devesse não mais ir. filho teve uma adaptação rápida então nem precisei fazer tudo dessa forma. Além do mais eu tinha a minha bebezinha com quem me preocupar por sem bem novinha. Então não passava toda a manha, mas algumas horas a cada dia e nos últimos dias da semana fiquei poucos minutos e minha ausência não era sentida por ele.

Outra diferença da creche no Brasil é que as crianças não trocam de roupa lá e nem tiram os sapatos. Ficam como vão. Há sim a opção de trazer sapatos de casa no inverno, sapatos de chuva nas épocas chuvosas, roupas de chuva e neve para brincar la fora.

Uma diferença que me incomodou é que aqui não há horário de lanche que no Brasil é no meio da manha. O que se come na creche é visto como o Frühstück (café da manha) e a criança tem permissão de comer até às 10 da manha. Aconteceu uma cena que me ensinou muito sobre os alemães e explicou porque eles não buzinam no transito e esperam pacientemente em filas:

Há na creche apenas uma mesa para o lanche. Há 4 lugares na mesa. A criança deve sozinha pegar sua bolsinha de lanche que fica fora da sala, sentar-se a mesa , pegar o copo e servir-se do liquido que a creche oferece (chá, água com gás ou leite) e sentar-se para fazer sozinha sua refeição. Tendo essa criancinha 3 ou 5 anos. Mas ás vezes a mesa está toda ocupada e a criança deve esperar. Nesse dia eu estava lá então ocupei um lugar na mesinha para lanchar com o meu filho. Uma criança veio lanchar e quando eu percebi que ele se aproximara com sua bolsinha de lanche eu imediatamente me levantei para dar a vez a ele na mesa já que todos os lugares estavam ocupados. Mas a senhora da creche logo me mandou sentar de volta e disse: ele deve esperar você terminar. E foi o que aconteceu. O menininho pequenininho, com seus pouco mais de 3 anos ficou em pé de frente para a mesa, com seu lanche a mão esperando tranquilamente sem nada falar. Assim que vagou um lugar ele sentou-se mas não antes de esperar que a criança antes la sentada limpasse e recolhesse o que comeu e os utensílios de xícara e prato.

Alem disso, as crianças tinham que levar os utensílios que usavam para o local certo e na forma certa. Xícara com xícara, prato com prato, copo com copo. Nada desorganizado. O lixo que cada um produzia também era colocado no local certo. Guardanapo no lixo de papel, plástico no lixo de plástico, resto de comida no lixo dos restos. E toda criancinha parecia fazer isso automaticamente. Filho aprendeu rapidinho não só isso, mas as várias regras da sala; apesar de fazer isso observando por não entender o idioma. Foi uma semana de adaptação e aprendizado não só para o filho mas para a mamãe dele também. Quanta diferença da creche no Brasil!!!