domingo, 15 de julho de 2007

A visita da minha mae a Alemanha

Apenas com 6 meses aqui e já vamos trazer a mamãe. Achei cedo mas o marido quis aproveitar as férias de verão para fazermos nossas primeiras viagens pela Europa e assim aproveitar e incluir a sogra que estará de férias do trabalho. Há de se pensar no clima também, pois verão só uma vez por ano. Além do fato de nosso visto aqui ser ainda renovado semestralmente, então temos que aproveitar essa oportunidade.

Para mim, a vinda da minha mãe significa uma promessa cumprida, um sonho realizado. Quando eu era pequena prometia a ela e ao meu pai leva-los para viajar, conhecer o mundo quando eles estivessem velhinhos. A promessa saiu cedo para a minha mãe que ainda não é idosa, mas tarde para o meu pai que faleceu precocemente. Não vou dizer que isso não me trouxe nostalgia. Ainda choro a morte do meu pai, mas embora já tenha superado o choque e a depressão do luto, não da para não imaginar o meu pai aqui vivendo tudo isso conosco. Ele ia amar a cidade pequena, a natureza e os chocolates.

A Estadia da minha mãe foi maravilhosa, além das viagens que fizemos para outros países como Itália, França, Áustria etc ela se encantou com a Alemanha. Achou tudo limpo, organizado, silencioso.

Ficou impressionada com a calmaria. Mas não parava de falar que não viveria aqui, daria depressão. E nós ficamos impressionados com a coragem da minha mãe de viajar sozinha. No aeroporto ao espera-la foi uma festa. A partir daí passamos a ter uma caixa de boas vindas aonde colocávamos o kit de boas vindas com chapéu, confetes, placas em alemão etc para dar as calorosas boas vindas a quem viesse nos visitar. Virou tradição familiar.


Minha mãe se impressionou também com a nossa casa. Como eu conseguia sozinha, manter tudo tão organizado , limpo, na santa ordem, cada coisa no seu lugar e me deu nota 1000 como dona de casa. Mas logo ela viu que eu conseguia graças a ajuda do maridao que participa ativamente das tarefas domésticas, inclusive sendo o engomador da casa bem como da disciplina das crianças que guardam suas roupinhas nos cestos colocados em cada quarto, levam suas loucas para a pia e guardam seus brinquedos após brincarem.

Mamãe foi também show de bola como diz o marido ficando com as crianças, ajudando nas viagens, cuidando e brincando com os netos em casa. Foi muito bom ter um familiar aqui. Fez muito bem as crianças e a nós como casal por termos mesmo que só por um mês alguém com quem dividir a atenção das crianças. Gostaria de dizer que aproveitamos a estadia da minha mãe aqui para sairmos muito sozinhos mas não deu. As viagens são muito cansativas e consomem todo o nosso tempo. Mas as viagens já foram uma oportunidade espetacular . Foi a primeira série de viagens da família Honório Lima pela Europa. marido começou a realizar seu sonho de conhecer o velho continente. Ele passou tanto tempo sonhando com isso no Brasil….enfim realizou!!! E a sogra que ele tanto gosta fez parte dessa alegria.

De volta em casa, a mamãe não parava de se impressionar com a rotina de dona de casa que eu tenho e com o silencio da rua onde moramos. Eu via nela um choque cultural que eu não sofri aqui. Ao contrario dela, eu amo o silencio da minha rua e da minha cidade. Também não entendia porque ela achava que era tão pesado o meu trabalho. Para mim o dela de professora ou o da minha irmã de visitar clientes naquele transito louco de Fortaleza, ou mesmo a rotina da minha irmã que faz 2 faculdades são bem mais difícil e menos recompensador que o meu. Aqui a gente aprende a ver dignidade no trabalho de uma dona de casa, mas eu não podia ensinar isso a minha mãe. É uma questão cultural. Ela lamenta que uma advogada que fala vários idiomas como eu e que já foi uma profissional de nome, seja hoje “apenas uma dona de casa”, já eu vejo a minha situação como a melhor que uma mãe pode ter no momento. E tudo é fase. Podemos ser e fazer o que queremos em cada momento de nossas vidas. Esse eh o meu momento “Home”. Mas explica para ela o quão realizada e feliz me sinto é complicado.

A minha mãe também fez o seguinte comentário: “ Não acredito que o seu marido vai aguentar muito tempo essa rotina de trabalhos domésticos, uma hora ele vai cansar e vai sobrar tudo para você, pois ele não foi criado assim.” Ela também viu o meu trabalho como escravidão. São questionamentos que só o tempo irá responder já que no momento estamos todos aqui tão felizes em poder fazer nossas próprias coisas em família sem a intervenção de terceiros na nossa intimidade.

Mas que, quando a minha mãe foi embora eu tive dificuldades em fazer o trabalho doméstico com a mesma animação, ah isso tive! Ai eu coloquei a Ivete sangalo, arregacei as mangas e chorei a saudade da minha mãe; e para a preguiça eu cantei: “ Levantou poeira…. “.


quarta-feira, 4 de julho de 2007

Festa Country

Eu amo musica country americana e o marido viu uma placa com um anuncio de uma festa country. Como assim na Alemanha? E eu que achava que alemão não gostava de nada americano. Tá certo que a cultura americana não se infiltrou tanto aqui como na América do sul, mas há coisas que o Alemão curte. Há um clube com associados que curtem o country americano. Com banda, vestimenta típica e tudo.

E assim vamos nós, toda a família, os 4 fantásticos vestidos a carácter.  Ah que família linda e feliz!! Vamos a festa!!! Uhuuuuuuu.

Ao chegar fomos surpreendidos por uma festa country sim mas bem alemã. A banda tocava musica country tanto em inglês como em alemão. Havia um bar e comidas típicas alemãs, nada americano a não ser as roupas, o estilo musical e a dança. Havia a parte interna onde as pessoas dançavam e curtiam a banda e a externa onde bebiam, comiam e vejam só que interessante: os cachorros conviviam com as pessoas. Havia também um acampamento. E tendas indígenas sim, pessoas que vieram de longe estavam acampadas para essa festa. Como assim não é perigoso não? marido logo fala: acorda Nainha você já tá na Alemanha.

O esquisito foi quando chegamos. Chamamos muita atenção. Todos se viravam e olhavam mesmo. E isso perdurou por toda a noite. Lembrei que isso nos aconteceu em um vilarejo no qual nos hospedamos quando o nosso filho tinha 11 meses e o Newton foi fazer um curso lá para os lados de Dresden, perto de Berlim, em uma cidade chamada Brand Erbisdorf. Nessa noite aqui também, meu marido me falou que fora abordado por alguns homens que comentavam com ele que mulher bonita ele tinha. Newton achou muito estranho outros homens comentarem com ele sobre a a minha beleza.

Mas hoje eu me senti assim, uma top Model brasileira chegando. Claro que sabemos que trata-se da diferença. A diferença causa admiração e espanto. Mas que a minha família é linda, ah isso eu sei, sem falsa modestia

Sabe aquela musica da loira do tchan?? Aqui seria: olha a família do Brasil, é linda deixa ela entrar, é linda deixa ela entrar é lindaaaa!!!!!!!!!!!! Aliás as loiras aqui não fazem sucesso então Nina e eu éramos o Tcham da festa. 

Foi uma super experiência.  Fizemos sucesso em frente ao palco dançando e interagindo com a banda e com as pessoas. Foi uma sensação!!!! Acho que o mais lindo é a nossa alegria e jeito descontraído de se divertir.

Ficamos sabendo que se tratava de um clube fechado mas que naquele dia estava realizando a festa aberta para arrecadar dinheiro. Eles faziam isso só uma vez por ano embora se reunissem para curtir a musica country uma vez por mês. Logo fizemos contatos e conversamos com as pessoas. Muitos falavam inglês. O chefe do marido estava lá , a namorada e alguns colegas de trabalho.

Ficamos impressionados quando a meu pedido o marido falou com o organizador da festa, o presidente do clube, se seria possível frequentarmos algumas dessas festas e shows country que eles faziam s mensalmente. A resposta? Ora no Brasil mesmo que fosse regra fariam uma excecao com prazer para um estrangeiro não é? A resposta aqui foi não. Um NÃO bem firme, sem rodeios. Ele explicou que é só para associados, não permitem visitantes a não ser nessa festa anual.

Ali vemos uma das muitas diferenças entre brasileiros e alemães. O estrangeiro é até bem recebido por aqui, mas não é nenhum rei e nem provoca excecoes as regras dos alemães. Aqui regra é regra e pronto. Não as quebram para agradar a ninguém. Bem, aproveitamos então o momento, dançando muito, Nina e eu nos esbaldamos dançando e imitando os passinhos compassados para la e cá dos alemães. Foi uma noite especial para a nossa família que irradiava alegria e beleza.