domingo, 10 de junho de 2007

A vizinha perfeita: Ensinamento de vida com uma tpica alema.

A Marlene foi uma das pessoas mais maravilhosas que entraram na minha vida esse ano. Conhece-la foi um privilegio por fazer parte da comunidade internacional crista. E ainda tivemos a felicidade de morar na mesma rua que ela e fazer parte do estudo de livro em sua casa. Vê-la passar na rua pela janela da cozinha era algo que enchia meu coração de alegria. Ela passava com a cestinha de compras que era empurrada por rodinhas exibindo a funcionalidade das donas de casas alemãs e a independência das pessoas idosas aqui. Infelizmente hoje a Marlene não mora mais na nossa rua e quando ouvi a noticia da mudança dela eu chorei. Como eu ia viver sem a minha vizinha perfeita?  Senti muito a falta da Marlene e hoje a encontro na congregação. A Família  é encantadora. São dos mais antigos e típicos alemães, viveram as dificuldades da segunda guerra mundial e possuem muitas historias de sobrevivencia para contar. São verdadeiros livros de historia em pessoa, em família. Mas alem disso, eles são empáticos e amorosos com estrangeiros, todos eles. Os filhos falam inglês e são 4 adultos maravilhosos.  Que família espiritualizada.! Tem também um  genro africano,  , todos maravilhosos. Mas a Marlene é ainda mais especial. Morar na Alemanha e ter acesso a pessoas interessantes tambem. Aprender com elas. Se formos observadores e de mente aberta para o novo, temos em cada pessoa, uma chance de aprendizado incrivel. Maior que faculdade. A universidade da vida. Conhecer essa tipica senhora alema me ensinou e me ensina ate hoje.

Apesar de ter 2 netos pequenos e muito trabalho nos seus mais de 70 anos de idade, com uma perna doente, ela não deixava de se lembrar de mim e dava sempre uma passadinha para ver como eu estava na minha nova vida, me dar dicas sobre a casa; foi ela quem me presenteou a típica cortina alemã da cozinha e não só isso, a montou. O mais impressionante é que na época eu não falava uma palavra de alemão e nem ela falava inglês. Mas isso não a impedia de vir a minha casa e tentar se comunicar comigo. Foi com a Marlene que aprendi as palavras “pass auf” e “perfekt”. Ela dizia sempre que queria me ensinar algo: pass auf Jane. Assim ela me chama Jane como eu era chamada nos Estados unidos. Com a Marlene aprendi muita coisa. O dia mais interessante foi quando ela me presenteou uma toalha de mesa e esticou a toalha para eu conhecer. Quando eu passei a dobrar a toalha de volta a Marlene, com olhar critico e firme me corrige: “ Pass auf Jane!!!! “ e passa a dobrar a toalha de forma perfeita, sem nenhum canto desigual. Eu fiquei de queixo caído com a perfeição e rapidez com as quais ela dobrou aquela toalha. E pensei : vou ter que nascer de novo para conseguir dobrar uma toalha dessa forma. Foram muitos os momentos que a Marlene me ajudou, sempre que ela entrava na casa era um novo aprendizado . Eu entendia quase nada do alemão, mas a Marlene dava um jeito de eu entender o que ela queria me ensinar.

Conviver com ela nos meus primeiros anos de Alemanha foi um privilégio mesmo. Foi uma bençao. Ela era como uma mãe na vizinhança. Tudo eu recorria a ela e mesmo quando eu não ia, ela vinha até mim, como que adivinhando que eu a precisava e sempre disposta a ajudar, com uma abertura para estrangeiros de impressionar tendo em vista a cultura fechada dos alemães e a não disposição deles de se abrir aos vizinhos. Ela era mesmo especial. A vizinha perfeita.



segunda-feira, 4 de junho de 2007

Maridao - Mudanca cultural

A mudança cultural da família aconteceu rapidamente. Cada um se adaptava e se harmonizava com o meio a medida que as diferenças apareciam. Filho na creche, filha na congregação, Eu nos assuntos domésticos e o mais digno de nota: o maridao também absorveu rapidamente a cultura alemã para os homens.

marido foi criado na típica família  brasileira e literalmente por empregadas como é tão comum no nosso País. Ter sempre um rapaz no prédio, ou no condomínio a quem pagar para pequenos consertos na casa, lavagem de carro e serviços pequenos era coisa que não mais pertencia a realidade dele. Ele precisava se virar. Aqui na Alemanha cada qual faz suas próprias coisas e os homens cuidam muito bem da sua casa, carro, móveis e possuem ferramentas para tudo. Era uma revolução cultural no dia a dia do meu marido. Exigiu muito dele; mas no começo a vontade de se adaptar e aprender com os alemães foi tão forte que nada era empecilho. Foi aí que aprendi que a força da mente é tudo e podemos ser tudo que queremos contanto que tenhamos um forte ingrediente: vontade. Outra lição aprendida na pratica: O homem é realmente o produto do meio.

marido passou a fazer tarefas em casa. Limpar a cozinha, engomar roupa, aspirar a casa, montar móveis. Tudo começou com a montagem de moveis. E para essa nova e difícil tarefa ele contou com a ajuda dos amigos. Benjamim, Henry, Ralph, Thomas , foram alguns que o ajudaram a ler as instruções, separar os parafusos , peças, e se concentrar nessa empreitada. Ele não esquece o dia em que Benjamim teve que ajuda-lo a montar uma pequena mesinha de metal. Algo que hoje, para o marido é tão fácil que daria vergonha de pedir ajuda. Não esqueço o dia em que ele montou o primeiro móvel sozinho. Foi uma vitoria. Ele se sentiu muito bem de fazer algo assim sem precisar de ajuda.


Quando os amigos vinham ajudar a montar os moveis, ou pregar um quadro, lâmpada, lustre, pegador de cortina ou algo assim, vinham com suas caixas de ferramentas. Essa foi a primeira lição: Homem na Alemanha tem que ter caixa de ferramenta. Isso não é uma opção e sim uma necessidade. Furadora e outras ferramentas, bem como caixas de parafuso, luvas e etc também são essenciais. Com o tempo marido passou a ter tudo isso, no subsolo da casa (keller) ele tem uma estante só com matérias de trabalho, ferramentas diversas, lâmpadas extras etc e assim como os alemães passou a montar, consertar e fazer suas próprias coisas, sem a ajuda de ninguém. É a cultura da auto suficiência. Homem Alemão brasileiro. Homem multi uso.