domingo, 4 de novembro de 2007

O carro sumiu

Coloquei o carro na frente de casa só enquanto pegava algo. Ao ir a cozinha beber água e olhar pela janela não vejo o carro. Olho tudo e realmente o carro não está lá na frente da casa

Vou lá fora sem acreditar ,olho de um lado para o outro da rua e nada do carro. So vejo a  casa de frente ai na foto.Nosso carro sumiu!!!!


vista do lado de fora da nossa casa. Daqui, vejo essa casa. Ao lado dessa casa vizinha de frente so ha mata. o lado de ca da rua esta vazio.
e eu olhando a casa de frente, a rua e o nada....sem entender, ja desesperada.
ONDE ESTA O CARRO ?????

Mas não há ladroes de carros nessa cidade, nem sequer de objetos dentro do carro que dirá de carro!!! Bem, mas roubaram nosso carro, pois ele não está aqui. Ando pela rua procurando e nem sinal. Ai decido ligar para o marido. Quando estou lá dentro a campainha toca. Acharam meu carro. Um dos vizinhos veio perguntar se era o meu carro que estava no outro lado da rua em meio aos arbustos da mata. Quando olhei mal pude acreditar.Ai que vergonha. Lá estava nosso carro quase invisível em meio as plantas. E só aí conclui o que houvera acontecido. Eu já havia percebido que o freio de mão não estava muito forte e dessa vez não coloquei o carro na primeira, na correria só liguei o freio de mão e sai. Como nossa rua é uma subida o carro desceu.

Acho que um anjo o segurou e o fez ir para o outro lado da rua ao invés de descer ladeira abaixo e bater na rua principal onde passam muitos carros. Aí eu estaria bem encrencada. E com tantas casas no outro lado da rua ele foi direto para onde não havia casa. Ufa!!!! Se houvessem casas, carros, pessoas, enfim terceiros envolvidos ai eu estaria com um problemao aqui na Alemanha. Não iam perdoar esse meu descuido não.

Mas meu Deus e seus anjos só podem ter me protegido. E então aconteceu meu primeiro acidente na Alemanha. Se considerarmos que até hoje nunca me envolvi em nenhum acidente, nem eu nem o marido, mesmo tendo a Alemanha leis de transito tão diferentes e climas tão variados, chuvas, neve, ruas estreitas, muitas curvas. Mas nunca nada nos aconteceu. Estamos no lucro.

a situacao foi resolvida com a vinda imediata do marido.
  Rebocaram o carro e resolveram tudo.

 O seguro pagou o prejuízo e outro carro foi nos dado.

Tanto o marido como o funcionário da fuhralender foram muito compreensiveis e carinhosos comigo em meio ao meu estado de nervos pelo que tinha ocorrido e trataram de me tranquilizar quanto a tudo.




A campainha não parava de tocar, alguns transeuntes iam lá no local do carro.


Foi um acontecimento na vizinhança. Como diz a bíblia: “ O imprevisto sobrevem a todos” até na Alemanha. O importante é que dos males o menor como diria minha mãe. Uma pequena experiência negativa na nossa vida que ta tão certinha aqui.
Viu, carros somem na Alemanha!!!!

REJANE COMO HAUSFRAU


Eu não fui criada como as alemãs e nem mesmo como as brasileiras que tudo aprenderam no lar. Fui criada para estudar e ser uma profissional, mas desde pequena contrariava a minha mãe por gostar de cozinha, mudar os móveis de lugar e ter interesses por coisas de casa. Insisti tanto nisso que aprendi a cozinhar, pregar botão essas coisas com uma vizinha, a inesquecível tia Cleirismar. Mas foi nos Estados Unidos que aprendi na marra muita coisa que só a empregada da minha casa fazia. Lá tive que me virar e hoje na Alemanha dou graças a experiência vivida naquela época na Califórnia com a Martha e o Rudy e a tia Cleirismar no Brasil.

Aqui na Alemanha as mulheres fazem tudo em uma casa, mesmo as que tem dinheiro não contratam sequer faxineira, só em casos excepcionais, de doenças etc, que dirá empregada. A cultura é rígida nesse assunto e essa rigidez nos assustou. Chega a ser um absurdo uma família pensar em ter uma empregada. Só milionários e as vezes nem eles. Antes era mais comum a mulher ficar em casa e o homem trabalhar fora. Era algo natural na vida dos alemães, cada qual com sua função. A mulher com os filhos e a casa e o homem lá fora no mercado de trabalho trazendo o sustento. Esse cenário mudou nas ultimas décadas. Hoje há muito mais mulheres no mercado de trabalho, mas elas passaram a ter dupla jornada, emprego e casa. Os homens ajudam, mas não tanto quanto seria necessário para diminuir a sobrecarga das mulheres. Eu diria que os homens aqui ajudam mais que os brasileiros e menos que os americanos.

Aqui na nossa região de Westerwald o cenário é diferente dos grandes centros. Aqui é região rural, cidade e vilas pequenas. As mulheres em sua maioria ainda ficam em casa, e são verdadeiras rainhas do lar. Quando trabalham só o fazem quando os filhos tem 3 anos e vão para a creche e mesmo assim tentam trabalho de meio expediente e se isso não é possível, deixam as crianças com os avós, nunca com babas.


Bem, eu entrei nesse cenário. Absorvemos totalmente a cultura porque concordamos com ela. Ficar em casa com a minha bebezinha foi a melhor coisa do mundo para mim. Eu não me incomodei de pegar pesado na casa e absorvi isso como a maioria das mulheres absorvem seus empregos e cuidam dos negócios dos outros: como meu trabalho. Só que eu cuido do meu negócio mais importante, minha família, meu lar. E acho que me sai bem. Pela manha a rotina é a casa e a cozinha e a tarde as crianças e a roupa. E acreditem: minha casa esta Perfekt. Sempre limpa e organizada. Mas passei a ficar muito perfeccionista e temer que minha casa não fosse tão organizada e limpa como a das alemãs. Eu não queria ser diferente delas. Só depois de quase um ano admitimos que eu não dava conta de tudo e que meus filhos poderiam sofrer e passamos a enxergar que para manter a casa sempre perfeita sem ajuda e com dois filhos pequenos é uma luta injusta e desigual, em especial para uma brasileira. Aprendemos a lição: Aceitar nossas origens, a forma que fomos criados.