quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Primeiras férias de inverno: Descobrimos a Suiça



Tudo planejado há meses. Thomas convidou a nossa família para esquiarmos na Suíça e fez todos os arranjos de hospedagem, participação na estacao de esqui, compra dos equipamentos, enfim tudo necessário para o esporte nas montanhas geladas da Suíça.

Alugamos um chalé. Típico chalé suico e no alto, com vista para a estacao de esqui. Bela localização.

Saímos todos juntos. Seguimos o carro do Thomas na viagem de 6 horas até a Suiça. Nosso destino era Bürchen.

Que lugarzinho encantador. Uma cidade bem pequena no alto dos alpes suicos.

Nossa estada lá foi de 10 dias. Uma experiência nova para nós. Meu marido e meu filho se apaixonaram pelo esqui. Saiam cedo e só voltavam a tarde. Passavam o dia esquiando com os amigos. Filha e eu ficávamos no chalé a maior parte do tempo,mas íamos na estação de esqui brincar com o trenó que Thomas deu de presente para a ela. Estar em um chale suico foi algo especial para nós. Quando namorávamos, Newton me levou algumas vezes a um restaurante em Fortaleza chamado chalé suico. Resolvi relembrar esses momentos só que agora “in loco”. Aqui na Europa, de verdade, na Suíça e comprei no carrefour da cidade mais proxima (Visp) o típico Fundue. No chalé havia todas as louças na cozinha inclusive as louças para Fundue e fizemos Fundue no real chale suico, na Suíça. Uau !!! marido tocou violão e filhotes e eu dançamos e cantamos as cancoes que embalam nossa familia.

Passamos ótimos momentos de amizade tambem com nossos amigos, no chale deles.

Houve também uma caminhada com tochas organizada por eles com a criançada. Que experiência ímpar e fria!!! Eu ainda aprendiz de roupas de neve não me vesti tão bem. Senti um pouco de frio  10 graus negativos e todos caminhando, cantando , usufruindo de coisas simples como a natureza, a escuridão da noite, a neve, a companhia dos amigos. Incrível como esse povo acha diversão na simplicidade.

E assim descobrimos a suica, a cidade de Bürchen, a qual se tornou nossa cidade de ferias nos anos seguintes.

domingo, 4 de novembro de 2007

O carro sumiu

Coloquei o carro na frente de casa só enquanto pegava algo. Ao ir a cozinha beber água e olhar pela janela não vejo o carro. Olho tudo e realmente o carro não está lá na frente da casa

Vou lá fora sem acreditar ,olho de um lado para o outro da rua e nada do carro. So vejo a  casa de frente ai na foto.Nosso carro sumiu!!!!


vista do lado de fora da nossa casa. Daqui, vejo essa casa. Ao lado dessa casa vizinha de frente so ha mata. o lado de ca da rua esta vazio.
e eu olhando a casa de frente, a rua e o nada....sem entender, ja desesperada.
ONDE ESTA O CARRO ?????

Mas não há ladroes de carros nessa cidade, nem sequer de objetos dentro do carro que dirá de carro!!! Bem, mas roubaram nosso carro, pois ele não está aqui. Ando pela rua procurando e nem sinal. Ai decido ligar para o marido. Quando estou lá dentro a campainha toca. Acharam meu carro. Um dos vizinhos veio perguntar se era o meu carro que estava no outro lado da rua em meio aos arbustos da mata. Quando olhei mal pude acreditar.Ai que vergonha. Lá estava nosso carro quase invisível em meio as plantas. E só aí conclui o que houvera acontecido. Eu já havia percebido que o freio de mão não estava muito forte e dessa vez não coloquei o carro na primeira, na correria só liguei o freio de mão e sai. Como nossa rua é uma subida o carro desceu.

Acho que um anjo o segurou e o fez ir para o outro lado da rua ao invés de descer ladeira abaixo e bater na rua principal onde passam muitos carros. Aí eu estaria bem encrencada. E com tantas casas no outro lado da rua ele foi direto para onde não havia casa. Ufa!!!! Se houvessem casas, carros, pessoas, enfim terceiros envolvidos ai eu estaria com um problemao aqui na Alemanha. Não iam perdoar esse meu descuido não.

Mas meu Deus e seus anjos só podem ter me protegido. E então aconteceu meu primeiro acidente na Alemanha. Se considerarmos que até hoje nunca me envolvi em nenhum acidente, nem eu nem o marido, mesmo tendo a Alemanha leis de transito tão diferentes e climas tão variados, chuvas, neve, ruas estreitas, muitas curvas. Mas nunca nada nos aconteceu. Estamos no lucro.

a situacao foi resolvida com a vinda imediata do marido.
  Rebocaram o carro e resolveram tudo.

 O seguro pagou o prejuízo e outro carro foi nos dado.

Tanto o marido como o funcionário da fuhralender foram muito compreensiveis e carinhosos comigo em meio ao meu estado de nervos pelo que tinha ocorrido e trataram de me tranquilizar quanto a tudo.




A campainha não parava de tocar, alguns transeuntes iam lá no local do carro.


Foi um acontecimento na vizinhança. Como diz a bíblia: “ O imprevisto sobrevem a todos” até na Alemanha. O importante é que dos males o menor como diria minha mãe. Uma pequena experiência negativa na nossa vida que ta tão certinha aqui.
Viu, carros somem na Alemanha!!!!

REJANE COMO HAUSFRAU


Eu não fui criada como as alemãs e nem mesmo como as brasileiras que tudo aprenderam no lar. Fui criada para estudar e ser uma profissional, mas desde pequena contrariava a minha mãe por gostar de cozinha, mudar os móveis de lugar e ter interesses por coisas de casa. Insisti tanto nisso que aprendi a cozinhar, pregar botão essas coisas com uma vizinha, a inesquecível tia Cleirismar. Mas foi nos Estados Unidos que aprendi na marra muita coisa que só a empregada da minha casa fazia. Lá tive que me virar e hoje na Alemanha dou graças a experiência vivida naquela época na Califórnia com a Martha e o Rudy e a tia Cleirismar no Brasil.

Aqui na Alemanha as mulheres fazem tudo em uma casa, mesmo as que tem dinheiro não contratam sequer faxineira, só em casos excepcionais, de doenças etc, que dirá empregada. A cultura é rígida nesse assunto e essa rigidez nos assustou. Chega a ser um absurdo uma família pensar em ter uma empregada. Só milionários e as vezes nem eles. Antes era mais comum a mulher ficar em casa e o homem trabalhar fora. Era algo natural na vida dos alemães, cada qual com sua função. A mulher com os filhos e a casa e o homem lá fora no mercado de trabalho trazendo o sustento. Esse cenário mudou nas ultimas décadas. Hoje há muito mais mulheres no mercado de trabalho, mas elas passaram a ter dupla jornada, emprego e casa. Os homens ajudam, mas não tanto quanto seria necessário para diminuir a sobrecarga das mulheres. Eu diria que os homens aqui ajudam mais que os brasileiros e menos que os americanos.

Aqui na nossa região de Westerwald o cenário é diferente dos grandes centros. Aqui é região rural, cidade e vilas pequenas. As mulheres em sua maioria ainda ficam em casa, e são verdadeiras rainhas do lar. Quando trabalham só o fazem quando os filhos tem 3 anos e vão para a creche e mesmo assim tentam trabalho de meio expediente e se isso não é possível, deixam as crianças com os avós, nunca com babas.


Bem, eu entrei nesse cenário. Absorvemos totalmente a cultura porque concordamos com ela. Ficar em casa com a minha bebezinha foi a melhor coisa do mundo para mim. Eu não me incomodei de pegar pesado na casa e absorvi isso como a maioria das mulheres absorvem seus empregos e cuidam dos negócios dos outros: como meu trabalho. Só que eu cuido do meu negócio mais importante, minha família, meu lar. E acho que me sai bem. Pela manha a rotina é a casa e a cozinha e a tarde as crianças e a roupa. E acreditem: minha casa esta Perfekt. Sempre limpa e organizada. Mas passei a ficar muito perfeccionista e temer que minha casa não fosse tão organizada e limpa como a das alemãs. Eu não queria ser diferente delas. Só depois de quase um ano admitimos que eu não dava conta de tudo e que meus filhos poderiam sofrer e passamos a enxergar que para manter a casa sempre perfeita sem ajuda e com dois filhos pequenos é uma luta injusta e desigual, em especial para uma brasileira. Aprendemos a lição: Aceitar nossas origens, a forma que fomos criados.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Outubro de 2007 - Festa de 10 anos

Esse ano é um ano especial. A congregação comemora 10 anos de dedicação do salão do reino. Ou seja, faz 10 anos que o salão do Reino  foi construído.

Grande data aqui. Digna de ser celebrada. E assim eles muito bem fazem. Foi alugado um salao de festas. Tudo bem organizado. A comida, as atraçoes, a decoração, as mesas, a cozinha, a participação de cada um.

Recebemos com bastante antecedencia um convite e lá explicava como seria a festa e o que cada família devia levar: bolo ou salada ou sobremesa para o Buffet.

Eu escolhi levar a sobremesa (docinhos sortidos em brigadeiros, beijinhos e crocantes).

Cada família devia levar seus talheres, copos, pratos , guardanapos e sua bebida.

Na entrada um belo buffet de saladas e acompanhamentos, imenso e variado. Havia o buffet de sobremesas também. No salão a mesa enorme dava curva , e tinha lugar para todos. Na cozinha o formigueiro: as pessoas ajudando, trabalhando, cortando os pães pretos alemães na cortadeira de pão automática, o irmão Italiano passando o vinho caseiro por um tubo, a comida quente sendo preparada. Homens e mulheres no recinto.


Houve a apresentação de um drama bíblico: Adão e Eva. Sabe quem foi convidado para ser o Adão??

 sim nosso pequeno recém chegado e já tão bem acolhido como parte do clã. Foi maravilhoso ver isso. Os ensaios aconteceram e o prepararam bem. Cada criança da congregação tinha um papel no drama. Foi um espetáculo lindo de se ver. E sem duvida a participação daquele Adão foi ímpar para todos ali presentes. As palmas eram radiantes e as crianças contente, agradeciam. Após essa apresentação encantadora dos pequenos mostraram o slide da construção do salão do reino e tivemos assim a oportunidade de ver todos ali 10 anos atrás fazendo parte do trabalho de construção. Foi muito legal. Gente que hoje tem 20 anos estavam la no slide com 10 anos de idade. Interessante ver como eles crescem juntos. Fizeram parte das atraçoes da festa muitas brincadeiras, discursos emocionados, musica. Para mim a atraçao maior além do drama foi a comida. Observar também como as pessoas levavam seus utensílios em cestinhas e tudo tão perfeitamente organizado e guardado. Copiei tudo depois e hoje tenho a mesma cestinha e a mesma organização; e nas festas posteriores eu passei a ser tão alemã nos preparativos quanto possível. Amei esse jeito organizacional e adotei não só para não ser diferente, mas porque me adaptei facilmente e hoje nem saberia fazer de outra forma. Já temos nossa cestinha de festas, piquiniques, churrascos.

Voltando a festa de 10 anos do salão do reino foi tudo maravilhoso. A Gemima e outras jovens pintavam as faces das crianças, mas muitos marmanjos foram pintados. A minha filhinha escolheu uma borboleta para ser pintada na face. Pintaram um tigre no rosto do marido e ele ficou muito engraçado. As crianças dançavam e corriam. O que muito nos impressionou foi com a duração da festa. Longa mesmo. Aqui eles tem o costume de comerem juntos, depois tem a hora do café com bolo. Isso não pode faltar. É uma forma muito diferente de festejar. Saímos maravilhados e agradecidos a Jeová.


terça-feira, 25 de setembro de 2007

Limpeza de Outono

As testemunhas de Jeová aqui na Alemanha costumam se reunir para limpar o salão do reino, local de reunião, na época do outono. Momento em que as folhas caem e é preciso limpá-las e podar as árvores e arbustos. Aparar a grama e limpar a vegetação ao redor do salão do reino.


Esse trabalho é um encontro maravilhoso. Crianças, idosos, jovens e casais; as famílias inteiras participam cada qual com o que pode. Uma bela refeição preparada pelas famílias e compartilhada por todos termina o dia de trabalho não antes que uma revigorante oração.

Ficamos impressionados com esse dia. Todos vestidos a carácter para a ocasião. Botas de borracha, macacoes de trabalho, luvas para jardim. As ferramentas usadas também são modernas e facilitam muito o trabalho. As crianças igualmente vestidas possuem ferramentas de acordo com sua idade. Fiquei encantada com o mini carrinho de mão que as crianças usavam para pegar as folhas secas e os matos. Nesse mato muitas vezes haviam espinhos das plantas e rosas e para isso era primordial o uso de luvas. As crianças bem pequenas participavam ativamente e trabalhavam mesmo aos olhos exigentes dos pais.Mas também paravam para brincar, correr entre as árvores, perto do córrego ou simplesmente olhar as vacas e cavalos da região passando. Nossos filhos entraram no ritmo de trabalho rapidamente. O que não era difícil já que apesar de trabalharem de verdade tudo era bem divertido por fazerem em conjunto com os amiguinhos. E eu observei que cada um queria participar mais e mais e eram motivados pelos outros e se espelhavam nos pais. Eu tratei de dar o exemplo e fazer a minha parte com amor. Logo vi que eu não possuía o ritmo das mulheres nem mesmo da minha idade, ou das mais jovens ou das idosas. Eram essas como maquinas. Como trabalhavam!! E sabem fazer de tudo e usar cada ferramenta. Olhando para as crianças acha-se a explicação. É da tenra infância que começam e ano a ano se especializam.

Como é um verdadeiro trabalho de equipe, de formiguinhas eu diria, ou melhor de formigonas, a coisa rapidamente se concretiza e logo todos se reúnem para uma deliciosa refeição. Por estar um pouco frio a refeição ocorre dentro do salão. Lá há um quarto onde se cozinha e outro onde se coloca a mesa de café e bolo. Eu levei o meu bolo de milho com leite condensado. O cardápio hoje em nossa primeira vez não podia ser mais alemão. O típico Gulasch que é servido com macarrão. Delicioso! Mal pude acreditar nos pratos das mulheres. Aqui elas comem como homens, sem culpa, sem constrangimento. Eu achei aquilo legal. Comem de verdade e não petiscam como a maioria das mulheres brasileiras preocupadas com a balança. Aqui essa preocupação nem passa na cabeça delas, mas também o quanto trabalharam! devem estar com fome. Nada exagerado, mas apenas diferente para o paladar da mulher brasileira. Aliás tudo ali era diferente. Alguns sentavam a mesa, outros no chão. Muita simplicidade, harmonia, união!!!

As crianças alegres eram ajudadas pelos adultos e recebiam atenção, carinho e mostravam em seu olhar muito orgulho de ter participado do trabalho, contribuído. Sensação de satisfação!!


Foi mais uma experiência diferente para nós. Aprendizado de que o trabalho revigora, une, alegra. Lidar com toda aquela natureza me fez bem e estou certa que também fez um enorme bem a saúde física e emocional dos meus filhotes e maridao. Mas o maior bem foi o espiritual.

O amor a Deus e a sua criação aumenta num momento como esses. Como temos aprendido nesse outono! É a natureza trocando de roupa e se preparando para o inverno. Nosso local de adoração está limpo, com jardim aparado, vistosos para os olhos e cheio de natureza. Mostrando que Deus se agrada com a beleza.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Consertando uma gafe




Quando chegamos aqui cometi uma gafe e só agora me dei conta para consertar. A Silk, minha amiga Barbie, trouxe umas roupas do filho dela para que eu escolhesse o que precisava para a Nina. Havia uns símbolos (um sinal de negativo com um numero do lado) para mim aquilo era código apenas, talvez parte da organização dela. E fiquei com as roupas que serviram bem na Nina embora fossem masculinas. Mas para o primeiro inverno tava ótimo. Amei, pois foi uma ajuda e tanto. Só de não precisar sair pelas lojas e tentar entender a numeração alemã que além de ser totalmente diferente da brasileira ainda é complicadíssima mesmo. Números 98, 104 e assim vai. Ai que saudade dos simples P, M e G ou simplesmente a idade da criança. 1, 2, 3 anos… Tenho que aprender essa numeração urgente. Mas aprendo logo.


E aí vai eu aprender mais uma cultura na Alemanha. Aqui as mulheres passam uma para as outras as roupas dos seus filhos que normalmente estão em boa s condições já que só são usadas em u ma estação. A cultura diz que cobrem um valor pequeno por cada peca. Costuma-se doar apenas para as mães cujos maridos estão desempregados ou com algum problema financeiro. Caso contrario todos pagam e todos cobram. Pois bem, a brasileira aqui entendeu que a Silk estava me dando. Sim, elas também dão presentes uma para as outras, mas normalmente quando isso acontece há de se escutar a palavra “geschenk” como ouvi varias vezes da Maria que presenteou muito o Rennan com a s roupas do Rubem. No caso da Silk ela esperava receber uma quantia embora pequena pelas roupas. O meu marido é engenheiro e realmente não havia necessidade de eu não pagar. Aprendi também que ser engenheiro, advogado, médico, enfim ter faculdade aqui é sinônimo de boa situação financeira.Quanta diferença do Brasil….

Mas a Silk também me presenteou muito com algumas peças e me emprestou roupas de inverno dela também. Mas aquela especificamente ela esperava ganhar e não ganhou. Eu as recebi e só agradeci. Só muitos meses depois entendo. Ai que gafe!!!!!!!!!!!!!!!

Lá se vai eu chamar a Silk aqui em casa, me desculpar e pagá-la. Claro que ela nem sabia o quanto cobrar mais após tanto tempo e nem comentara o assunto. Ela já havia considerado como presente e percebeu que eu não entendi, mas deixou quieto.

Eu tirei toda a roupa da Nina do guarda roupa que pertencera ao Loui e as coloquei no sofá. Silk deu risada e passou a pensar na quantia a cobrar. Vi que cobrou algo simbólico então eu fiz questão de pagar mais e dizer: Foi pelo tempo e erro que cometi. E assim paguei e consertei a gafe e continuei a comprar roupas da Silk que pertenceram ao Loui. Agora eu entendo que aquele sinal de negativo significa dinheiro e o numero era o valor.

toioiommm. Dá-lhe Rejane, gafando na Alemanha.

domingo, 15 de julho de 2007

A visita da minha mae a Alemanha

Apenas com 6 meses aqui e já vamos trazer a mamãe. Achei cedo mas o marido quis aproveitar as férias de verão para fazermos nossas primeiras viagens pela Europa e assim aproveitar e incluir a sogra que estará de férias do trabalho. Há de se pensar no clima também, pois verão só uma vez por ano. Além do fato de nosso visto aqui ser ainda renovado semestralmente, então temos que aproveitar essa oportunidade.

Para mim, a vinda da minha mãe significa uma promessa cumprida, um sonho realizado. Quando eu era pequena prometia a ela e ao meu pai leva-los para viajar, conhecer o mundo quando eles estivessem velhinhos. A promessa saiu cedo para a minha mãe que ainda não é idosa, mas tarde para o meu pai que faleceu precocemente. Não vou dizer que isso não me trouxe nostalgia. Ainda choro a morte do meu pai, mas embora já tenha superado o choque e a depressão do luto, não da para não imaginar o meu pai aqui vivendo tudo isso conosco. Ele ia amar a cidade pequena, a natureza e os chocolates.

A Estadia da minha mãe foi maravilhosa, além das viagens que fizemos para outros países como Itália, França, Áustria etc ela se encantou com a Alemanha. Achou tudo limpo, organizado, silencioso.

Ficou impressionada com a calmaria. Mas não parava de falar que não viveria aqui, daria depressão. E nós ficamos impressionados com a coragem da minha mãe de viajar sozinha. No aeroporto ao espera-la foi uma festa. A partir daí passamos a ter uma caixa de boas vindas aonde colocávamos o kit de boas vindas com chapéu, confetes, placas em alemão etc para dar as calorosas boas vindas a quem viesse nos visitar. Virou tradição familiar.


Minha mãe se impressionou também com a nossa casa. Como eu conseguia sozinha, manter tudo tão organizado , limpo, na santa ordem, cada coisa no seu lugar e me deu nota 1000 como dona de casa. Mas logo ela viu que eu conseguia graças a ajuda do maridao que participa ativamente das tarefas domésticas, inclusive sendo o engomador da casa bem como da disciplina das crianças que guardam suas roupinhas nos cestos colocados em cada quarto, levam suas loucas para a pia e guardam seus brinquedos após brincarem.

Mamãe foi também show de bola como diz o marido ficando com as crianças, ajudando nas viagens, cuidando e brincando com os netos em casa. Foi muito bom ter um familiar aqui. Fez muito bem as crianças e a nós como casal por termos mesmo que só por um mês alguém com quem dividir a atenção das crianças. Gostaria de dizer que aproveitamos a estadia da minha mãe aqui para sairmos muito sozinhos mas não deu. As viagens são muito cansativas e consomem todo o nosso tempo. Mas as viagens já foram uma oportunidade espetacular . Foi a primeira série de viagens da família Honório Lima pela Europa. marido começou a realizar seu sonho de conhecer o velho continente. Ele passou tanto tempo sonhando com isso no Brasil….enfim realizou!!! E a sogra que ele tanto gosta fez parte dessa alegria.

De volta em casa, a mamãe não parava de se impressionar com a rotina de dona de casa que eu tenho e com o silencio da rua onde moramos. Eu via nela um choque cultural que eu não sofri aqui. Ao contrario dela, eu amo o silencio da minha rua e da minha cidade. Também não entendia porque ela achava que era tão pesado o meu trabalho. Para mim o dela de professora ou o da minha irmã de visitar clientes naquele transito louco de Fortaleza, ou mesmo a rotina da minha irmã que faz 2 faculdades são bem mais difícil e menos recompensador que o meu. Aqui a gente aprende a ver dignidade no trabalho de uma dona de casa, mas eu não podia ensinar isso a minha mãe. É uma questão cultural. Ela lamenta que uma advogada que fala vários idiomas como eu e que já foi uma profissional de nome, seja hoje “apenas uma dona de casa”, já eu vejo a minha situação como a melhor que uma mãe pode ter no momento. E tudo é fase. Podemos ser e fazer o que queremos em cada momento de nossas vidas. Esse eh o meu momento “Home”. Mas explica para ela o quão realizada e feliz me sinto é complicado.

A minha mãe também fez o seguinte comentário: “ Não acredito que o seu marido vai aguentar muito tempo essa rotina de trabalhos domésticos, uma hora ele vai cansar e vai sobrar tudo para você, pois ele não foi criado assim.” Ela também viu o meu trabalho como escravidão. São questionamentos que só o tempo irá responder já que no momento estamos todos aqui tão felizes em poder fazer nossas próprias coisas em família sem a intervenção de terceiros na nossa intimidade.

Mas que, quando a minha mãe foi embora eu tive dificuldades em fazer o trabalho doméstico com a mesma animação, ah isso tive! Ai eu coloquei a Ivete sangalo, arregacei as mangas e chorei a saudade da minha mãe; e para a preguiça eu cantei: “ Levantou poeira…. “.


quarta-feira, 4 de julho de 2007

Festa Country

Eu amo musica country americana e o marido viu uma placa com um anuncio de uma festa country. Como assim na Alemanha? E eu que achava que alemão não gostava de nada americano. Tá certo que a cultura americana não se infiltrou tanto aqui como na América do sul, mas há coisas que o Alemão curte. Há um clube com associados que curtem o country americano. Com banda, vestimenta típica e tudo.

E assim vamos nós, toda a família, os 4 fantásticos vestidos a carácter.  Ah que família linda e feliz!! Vamos a festa!!! Uhuuuuuuu.

Ao chegar fomos surpreendidos por uma festa country sim mas bem alemã. A banda tocava musica country tanto em inglês como em alemão. Havia um bar e comidas típicas alemãs, nada americano a não ser as roupas, o estilo musical e a dança. Havia a parte interna onde as pessoas dançavam e curtiam a banda e a externa onde bebiam, comiam e vejam só que interessante: os cachorros conviviam com as pessoas. Havia também um acampamento. E tendas indígenas sim, pessoas que vieram de longe estavam acampadas para essa festa. Como assim não é perigoso não? marido logo fala: acorda Nainha você já tá na Alemanha.

O esquisito foi quando chegamos. Chamamos muita atenção. Todos se viravam e olhavam mesmo. E isso perdurou por toda a noite. Lembrei que isso nos aconteceu em um vilarejo no qual nos hospedamos quando o nosso filho tinha 11 meses e o Newton foi fazer um curso lá para os lados de Dresden, perto de Berlim, em uma cidade chamada Brand Erbisdorf. Nessa noite aqui também, meu marido me falou que fora abordado por alguns homens que comentavam com ele que mulher bonita ele tinha. Newton achou muito estranho outros homens comentarem com ele sobre a a minha beleza.

Mas hoje eu me senti assim, uma top Model brasileira chegando. Claro que sabemos que trata-se da diferença. A diferença causa admiração e espanto. Mas que a minha família é linda, ah isso eu sei, sem falsa modestia

Sabe aquela musica da loira do tchan?? Aqui seria: olha a família do Brasil, é linda deixa ela entrar, é linda deixa ela entrar é lindaaaa!!!!!!!!!!!! Aliás as loiras aqui não fazem sucesso então Nina e eu éramos o Tcham da festa. 

Foi uma super experiência.  Fizemos sucesso em frente ao palco dançando e interagindo com a banda e com as pessoas. Foi uma sensação!!!! Acho que o mais lindo é a nossa alegria e jeito descontraído de se divertir.

Ficamos sabendo que se tratava de um clube fechado mas que naquele dia estava realizando a festa aberta para arrecadar dinheiro. Eles faziam isso só uma vez por ano embora se reunissem para curtir a musica country uma vez por mês. Logo fizemos contatos e conversamos com as pessoas. Muitos falavam inglês. O chefe do marido estava lá , a namorada e alguns colegas de trabalho.

Ficamos impressionados quando a meu pedido o marido falou com o organizador da festa, o presidente do clube, se seria possível frequentarmos algumas dessas festas e shows country que eles faziam s mensalmente. A resposta? Ora no Brasil mesmo que fosse regra fariam uma excecao com prazer para um estrangeiro não é? A resposta aqui foi não. Um NÃO bem firme, sem rodeios. Ele explicou que é só para associados, não permitem visitantes a não ser nessa festa anual.

Ali vemos uma das muitas diferenças entre brasileiros e alemães. O estrangeiro é até bem recebido por aqui, mas não é nenhum rei e nem provoca excecoes as regras dos alemães. Aqui regra é regra e pronto. Não as quebram para agradar a ninguém. Bem, aproveitamos então o momento, dançando muito, Nina e eu nos esbaldamos dançando e imitando os passinhos compassados para la e cá dos alemães. Foi uma noite especial para a nossa família que irradiava alegria e beleza.


domingo, 10 de junho de 2007

A vizinha perfeita: Ensinamento de vida com uma tpica alema.

A Marlene foi uma das pessoas mais maravilhosas que entraram na minha vida esse ano. Conhece-la foi um privilegio por fazer parte da comunidade internacional crista. E ainda tivemos a felicidade de morar na mesma rua que ela e fazer parte do estudo de livro em sua casa. Vê-la passar na rua pela janela da cozinha era algo que enchia meu coração de alegria. Ela passava com a cestinha de compras que era empurrada por rodinhas exibindo a funcionalidade das donas de casas alemãs e a independência das pessoas idosas aqui. Infelizmente hoje a Marlene não mora mais na nossa rua e quando ouvi a noticia da mudança dela eu chorei. Como eu ia viver sem a minha vizinha perfeita?  Senti muito a falta da Marlene e hoje a encontro na congregação. A Família  é encantadora. São dos mais antigos e típicos alemães, viveram as dificuldades da segunda guerra mundial e possuem muitas historias de sobrevivencia para contar. São verdadeiros livros de historia em pessoa, em família. Mas alem disso, eles são empáticos e amorosos com estrangeiros, todos eles. Os filhos falam inglês e são 4 adultos maravilhosos.  Que família espiritualizada.! Tem também um  genro africano,  , todos maravilhosos. Mas a Marlene é ainda mais especial. Morar na Alemanha e ter acesso a pessoas interessantes tambem. Aprender com elas. Se formos observadores e de mente aberta para o novo, temos em cada pessoa, uma chance de aprendizado incrivel. Maior que faculdade. A universidade da vida. Conhecer essa tipica senhora alema me ensinou e me ensina ate hoje.

Apesar de ter 2 netos pequenos e muito trabalho nos seus mais de 70 anos de idade, com uma perna doente, ela não deixava de se lembrar de mim e dava sempre uma passadinha para ver como eu estava na minha nova vida, me dar dicas sobre a casa; foi ela quem me presenteou a típica cortina alemã da cozinha e não só isso, a montou. O mais impressionante é que na época eu não falava uma palavra de alemão e nem ela falava inglês. Mas isso não a impedia de vir a minha casa e tentar se comunicar comigo. Foi com a Marlene que aprendi as palavras “pass auf” e “perfekt”. Ela dizia sempre que queria me ensinar algo: pass auf Jane. Assim ela me chama Jane como eu era chamada nos Estados unidos. Com a Marlene aprendi muita coisa. O dia mais interessante foi quando ela me presenteou uma toalha de mesa e esticou a toalha para eu conhecer. Quando eu passei a dobrar a toalha de volta a Marlene, com olhar critico e firme me corrige: “ Pass auf Jane!!!! “ e passa a dobrar a toalha de forma perfeita, sem nenhum canto desigual. Eu fiquei de queixo caído com a perfeição e rapidez com as quais ela dobrou aquela toalha. E pensei : vou ter que nascer de novo para conseguir dobrar uma toalha dessa forma. Foram muitos os momentos que a Marlene me ajudou, sempre que ela entrava na casa era um novo aprendizado . Eu entendia quase nada do alemão, mas a Marlene dava um jeito de eu entender o que ela queria me ensinar.

Conviver com ela nos meus primeiros anos de Alemanha foi um privilégio mesmo. Foi uma bençao. Ela era como uma mãe na vizinhança. Tudo eu recorria a ela e mesmo quando eu não ia, ela vinha até mim, como que adivinhando que eu a precisava e sempre disposta a ajudar, com uma abertura para estrangeiros de impressionar tendo em vista a cultura fechada dos alemães e a não disposição deles de se abrir aos vizinhos. Ela era mesmo especial. A vizinha perfeita.



segunda-feira, 4 de junho de 2007

Maridao - Mudanca cultural

A mudança cultural da família aconteceu rapidamente. Cada um se adaptava e se harmonizava com o meio a medida que as diferenças apareciam. Filho na creche, filha na congregação, Eu nos assuntos domésticos e o mais digno de nota: o maridao também absorveu rapidamente a cultura alemã para os homens.

marido foi criado na típica família  brasileira e literalmente por empregadas como é tão comum no nosso País. Ter sempre um rapaz no prédio, ou no condomínio a quem pagar para pequenos consertos na casa, lavagem de carro e serviços pequenos era coisa que não mais pertencia a realidade dele. Ele precisava se virar. Aqui na Alemanha cada qual faz suas próprias coisas e os homens cuidam muito bem da sua casa, carro, móveis e possuem ferramentas para tudo. Era uma revolução cultural no dia a dia do meu marido. Exigiu muito dele; mas no começo a vontade de se adaptar e aprender com os alemães foi tão forte que nada era empecilho. Foi aí que aprendi que a força da mente é tudo e podemos ser tudo que queremos contanto que tenhamos um forte ingrediente: vontade. Outra lição aprendida na pratica: O homem é realmente o produto do meio.

marido passou a fazer tarefas em casa. Limpar a cozinha, engomar roupa, aspirar a casa, montar móveis. Tudo começou com a montagem de moveis. E para essa nova e difícil tarefa ele contou com a ajuda dos amigos. Benjamim, Henry, Ralph, Thomas , foram alguns que o ajudaram a ler as instruções, separar os parafusos , peças, e se concentrar nessa empreitada. Ele não esquece o dia em que Benjamim teve que ajuda-lo a montar uma pequena mesinha de metal. Algo que hoje, para o marido é tão fácil que daria vergonha de pedir ajuda. Não esqueço o dia em que ele montou o primeiro móvel sozinho. Foi uma vitoria. Ele se sentiu muito bem de fazer algo assim sem precisar de ajuda.


Quando os amigos vinham ajudar a montar os moveis, ou pregar um quadro, lâmpada, lustre, pegador de cortina ou algo assim, vinham com suas caixas de ferramentas. Essa foi a primeira lição: Homem na Alemanha tem que ter caixa de ferramenta. Isso não é uma opção e sim uma necessidade. Furadora e outras ferramentas, bem como caixas de parafuso, luvas e etc também são essenciais. Com o tempo marido passou a ter tudo isso, no subsolo da casa (keller) ele tem uma estante só com matérias de trabalho, ferramentas diversas, lâmpadas extras etc e assim como os alemães passou a montar, consertar e fazer suas próprias coisas, sem a ajuda de ninguém. É a cultura da auto suficiência. Homem Alemão brasileiro. Homem multi uso.

domingo, 6 de maio de 2007

A Alemanha cura



Chegamos aqui doentes. Newton com uma ulcera por stress. Alimentação é que não podia ser já que eu cuido dela como uma nutricionista. E eu com o tal stress pós traumático causado pelo assalto e por algumas “cositas mas”…Rennan com pesadelos e nina ainda não conseguimos decifrar bem. Newton diz para não me preocupar, mas eu a acho uma bebe irritadiça. Não acredito que um bebe saia ilesa ao stress dos pais.

Mas o importante agora é que estamos todos bem. Quando o Newton viajou pela primeira vez me deu um pouco de medo. Fechei todas as portas na hora de dormir e pronto. Eu me senti segura. Tive que ser ajudada pelos amigos um dia em que faltou minha respiração, mas um só dia. Isso foi uma vitoria maravilhosa, que sensação!!!

Dirijo sem medo, caminho pela cidade sem medo, até no escuro. Vivo sem medo agora. Poxa, nem sabia mais o que era viver sem medo!! Sem a expectativa de que algo ruim pudesse acontecer na próxima esquina, ou no próximo sinal ou provocado por uma pessoa nas próximas ferias….

Meu coração não está mais acelerado, minha boca não seca mais a não ser de correr com as crianças na mata. Já não sinto a testa quente em meio a uma ansiedade de um momento de duvida. Nem tenho mais isso. Tudo é tão certo. Certinho….como diriam os brasileiros sobre nossos novos e belos caminhos…



Já não temo pela volta do Newton para casa. Nem mais ligo para o celular dele. Nem decorei o numero!!!!!! Já não imagino que algum homem estranho que se aproxime seja um ladrão ou que se alguém tira um objeto do bolso é arma. Medo, susto, pânico não mais.


Caminho tranquilamente para o carro sem pressa e sem olhar para os lados. Não temo a rua, a escuridão, o vazio. Paro o carro para falar ao celular, fazer anotações, procurar endereços, sem pressa, sem stress, sem correria. Carro? Quase não dirijo, caminho para onde quero. Aliás, meus dias tem sido vagarosos, lentos, animadamente calmos. Não há nada que me inquiete. Meus filhos estão bem, sei sempre onde meu marido está, tudo é tão previsível…..Tudo é tão rotineiro, nada sai do lugar.



Com certeza não sou mais estressada, acho que estou curada !!
Newton também esta curado. E isso foi diagnosticado. Fomos hoje para o medico. Ele fez a endoscopia e o resultado? é que a ulcera cicatrizou. Ufa. Por essa ele passou. A Alemanha curou o meu amor!

Rennan não tem mais pesadelos, dorme tranquilo e feliz, acorda e vem nos dar bom dia como uma criança em paz. Nina continua irritadiça, mas é alegre, contente e segura. Quando cito o jeito de se irritar fácil dela as pessoas dizem: é “temperament”. Temperamento brasileiro...




Essa paz, tranquilidade, serenidade, silencio e sossego desse lugar acalmou as nossas almas, lavou nosso espírito nas águas dos rios e voamos em liberdade pelas montanhas de Bad Marienberg. Sem duvida tudo ao som da orquestra do Salão do reino. O som da musica clássica sempre me trouxe paz. Imagina ao vivo e a cores e musicas falam da bíblia e das palavras que mantém a mente sã.

 Ah e o amor? Como diz a bíblia esse é o maior de todos. A atenção, consideração, respeito ,carinho??O amor de nossos novos amigos que nos abrigaram como uma família nos deu segurança. O amor também cura!!


As montanhas, o ar da mata, o frescor da floresta, o canto dos pássaros, o caminhar lento e sossegado da madrugada, a rotina previsível dos dias, a voz mansa e carinhosa dos amigos, o amor no peito, nosso Deus tão perto. a Alemanha. Tudo isso. Nossa nova vida. Não somos mais uma família sofrida, somos uma família em paz e muito querida.

Somos hoje uma família revigorada. A Alemanha nos curou!! A família Honório Lima esta curada!!!!!



sábado, 5 de maio de 2007

Chaves da casa, confiança, prevençao, pequeno descuido no Brasil, grande na Alemanha.

Chaves da casa, confiança, prevenção, pequeno descuido no Brasil, grande na Alemanha.

Estávamos lá fora, aproveitando o sol. Os três, sentados na calçada admirando o pouco movimento dos belos carros, os velhinhos passando para a caminhada, numa bela manha ensolarada e descalços para que em especial , paraos pequenos , tomassem banho de sol.

De repente meus pequenos, no entra e sai, bate a porta, aí lembrei na hora: a chave está por dentro. E agora??
De imediato, lembrei-me dos vizinhos queridos os Figers e os Wolfs e o outro casal de irmãos velhinhos. Mas como incomodá-los? Não, primeiro vamos tentar abrir já que a porta da sala está semi aberta. Eu tentei, filho tentou, passou um rapaz simpático que é nosso vizinho e tentou e tentou…nada. Essas portas e janelas mesmo semi abertas são inatingiveis. Ao menos isso está servindo para eu me sentir mais segura ainda nessa casa, pois não se abre por fora mesmo. Nem estando destrancada. Após mais ou menos uma hora tentando e usando até galhos, pau, a ferramenta do vizinho…nada. Desistimos. Fomos então a pé e descalços até os amigos buscar ajuda O chão já estava frio visto que o sol cedeu. Nina tão pequenininha descalça nesse chão frio…Marlene não estava la e agora? Vamos aos Wolfs. filhote foi sozinho e voltou com a informação de que o locatário tem a chave da casa.
 Mas como assim a chave da minha casa com o Locatário? Com outra pessoa? É sim, isso é comum aqui. Para em casos de emergência eles tenham como entrar na casa. Bem , foi rápido, cidade pequena é assim. E os amigos foram la no locatario, pegaram a chave da porta e abriram  e escutamos desses muiiiiiiiiiiit!!!!!!!!!!!!!! várias instruções de como isso não mais acontecer e de como prevenir:

Você deve sempre manter 2 cópias: uma no carro e outra com um vizinho de sua confiança. Há pessoas que deixam uma cópia também no jardim, em algum lugar. Ai minha cabeça brasileira pensou: mas do que adianta no carro se ele estaria fechado?? Só depois de mais algum tempo aqui descobri que as pessoas costumam deixar seus carros e suas garagens destrancadas. Gente, que estranho, eu nunca vou fazer isso.  E o fato de deixar com vizinhos e jardins é porque confiam um nos outros e de que nenhum estranho invadirá seu jardim muito menos procurando uma chave. Lembrei da época do Brasil em que costumávamos deixar chaves embaixo de tapetes , dentro d e jarros, ou até mesmo com a empregada, a qual tinha uma cópia oficial. Ai pensei: É, um dia já vivemos como vocês!!!! Mas acho que hoje em dia nem em Quixada se faz mais isso. As vezes sinto-me voltando ao tempo aqui.....
Mas aqui eles cuidam da seguranca tambem, possuem despositivos, sao precavidos. Mesmo nao acontecendo nada....

O interessante foi perceber que esse pequeno descuido foi comentado como um grande descuido e alguns ate justificavam-o por eu ter vindo do Brasil estressada, com stress pós traumático e isso ter mexido com minha cabeça, mas os mais observadores não exitaram de achar a razão mais cabivel: é que os brasileiros não costumam prevenir né, e nem confiar chaves a ninguém. Eu me senti constrangida, como se só eu cometesse erros por aqui e como se todos fossem perfeitos, mas deixei pra lá, passou, vou aprender com eles e pronto. Como eu passo vergonha na Alemanha!!! A Marlene logo se ofereceu a ficar com uma chave nossa esticando esse assunto por algum tempo, mas carinhosamente dando-nos conselhos de como prevenir acontecimentos como esses.

Dá-lhe Alemanha na familia brasileira aqui...; Lição sabe se la que numero: PREVENIR PARA NÃO REMEDIAR

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Primeira longa viagem do papa Newton a trabalho.Como ficamos!!!


Newton vai ao Brasil a trabalho. Nossa família não está acostumada a se separar. Somos grudados...Papa tem que trabalhar !! “Ora será otimo”, eu digo as crianças.” Ele vai trazer nossa s guloseimas brasileiras!” e assim fizemos a lista alegremente: Sustagem para a nina, geleia de mocoto para  creme de leite light para a mamãe, Herbalife para papai emagrecer, farinha, feijão, doce de goiaba…..uhmmmm quantas delicias o Brasil tem!!!

Papai partiu sem muito choro. E a mama aqui? Ficou com medo, com pânico, temerosa da vida aqui por não falar alemão ainda? NÃO !!!!!!!!!!!!!!!!!! Nada disso.

Fiquei ótima, confiante, auto suficiente. Estamos tão bem aqui e nos sentimos tão seguros; temos a ajuda dos irmãos para tudo que precisamos e eu falo inglês. Keine problem!!!!!!

E ficamos mesmo muito bem. Ao som de nossos Dvds brasileiros, passávamos o dia a cantar e dançar. Eu resolvia tudo sozinha, supermercados, creche, reuniões. Os irmãos trataram de nos convidar a estarmos juntos das familias deles. Fomos a um churrasco , fomos convidados a jantar com outra familia etc. Rennan passou alguns domingos com ooutros e assim tudo foi facilitado.

Eu tive sim um pouco de medo no começo,pois para a minha cultura brasileira uma mulher com duas crianças pequenas sozinha a noite numa casa sem muro??? Ai da medo. Os irmãos, apesar de jurarem que nada aconteceria e que nunca nada acontece nessa região, mas para que eu não sofresse a ansiedade do medo, como sabem do problema com o qual vim do Brasil, providenciaram uma irmã, a Dorothi para dormir por uma semana aqui conosco. E lá se vem a Dorothy tarde da noite apos deixar a mãe em casa, com seus cobertores, travesseiros e bolsinha. No café da manha foi maravilhoso ter a companhia dela. Mas só 2 vezes já que ela saia às 5 da manha para trabalhar. Além de pioneira regular, Dorothi trabalha no hospital de pessoas idosas e tá terminando um curso para se especializar nos cuidados de idosos. Quanta energia!!! E ainda acha tempo para ajudar mães como eu. Muito lindo o amor agape né. Ela mal me conhece! Uma jovem admirável! Agradecemos a dedicação dela com chocolates de coração e um colar brasileiro.

Era engraçado o fato de minhas tias queridas Dada e Voninha me ligarem preocupadas por eu estar só. Eu não me sentia só. E estava tão feliz!!!! Eu e as crianças estávamos curtindo a vida mansa. A tranquilidade e a segurança. Mas eu apreciava muito a preocupação delas. Parece que a distancia deixa os familiares mais considerativos com a gente. Lá no Brasil quantas vezes fiquei só e com muito medo….Mas aqui realmente eu não sinto medo.

A saudade apertou e a pequena dava trabalho a noite. Mas nada que não fosse administrável pela Mama aqui e o filhote, meu mini homem da casa, colaborava em cuidar e acalmar a maninha Passamos a cantarolar para o pai cancoes que tocavam nossos coracoes saudosos. Cantávamos Tom Jobim para ele no telefone: Chega de saudade….quando ele voltar, que coisa linda, que coisa boa, pois haverá menos peixinhos a nadar no mar do que os beijinhos que eu darei na sua boca…..

E assim Bossa nova foi o fundo musical dessa nossa historia de saudade, mas de maravilhosos dias sem o papai.Mais de um mês. Ufa!!!!

Newton demorou mais do que o programado,mas eu o tranquilizei ao telefone e alegremente disse: keine problem, no problem, dont worry be happy , pode trabalhar tranquilo que sua família esta OTIMA. Agora eu que falo: acorda Newton, sua família está na Alemanha!!!!!!!

Creche na Alemanha



Nosso filhote com 5 anos e meio entra na creche alemã. Aqui as crianças só vão para a escola a partir dos 6 anos e até então ficam na creche, normalmente dos 3 aos 6 anos.

Há um período de adaptação, nele, a mãe pode e deve passar uma semana indo a creche com o filho e participando das atividades junto a ele. Diferente do Brasil que na creche do meu filho não nos era permitido nem olhar pois nossa presença poderia trazer nas outras crianças saudade , falta e tristeza pela ausência de seus pais.

Então passei uma semana indo a creche com o filhote e no fim dessa semana a minha estadia lá deveria ser diminuída gradativamente por horas, até que eu devesse não mais ir. filho teve uma adaptação rápida então nem precisei fazer tudo dessa forma. Além do mais eu tinha a minha bebezinha com quem me preocupar por sem bem novinha. Então não passava toda a manha, mas algumas horas a cada dia e nos últimos dias da semana fiquei poucos minutos e minha ausência não era sentida por ele.

Outra diferença da creche no Brasil é que as crianças não trocam de roupa lá e nem tiram os sapatos. Ficam como vão. Há sim a opção de trazer sapatos de casa no inverno, sapatos de chuva nas épocas chuvosas, roupas de chuva e neve para brincar la fora.

Uma diferença que me incomodou é que aqui não há horário de lanche que no Brasil é no meio da manha. O que se come na creche é visto como o Frühstück (café da manha) e a criança tem permissão de comer até às 10 da manha. Aconteceu uma cena que me ensinou muito sobre os alemães e explicou porque eles não buzinam no transito e esperam pacientemente em filas:

Há na creche apenas uma mesa para o lanche. Há 4 lugares na mesa. A criança deve sozinha pegar sua bolsinha de lanche que fica fora da sala, sentar-se a mesa , pegar o copo e servir-se do liquido que a creche oferece (chá, água com gás ou leite) e sentar-se para fazer sozinha sua refeição. Tendo essa criancinha 3 ou 5 anos. Mas ás vezes a mesa está toda ocupada e a criança deve esperar. Nesse dia eu estava lá então ocupei um lugar na mesinha para lanchar com o meu filho. Uma criança veio lanchar e quando eu percebi que ele se aproximara com sua bolsinha de lanche eu imediatamente me levantei para dar a vez a ele na mesa já que todos os lugares estavam ocupados. Mas a senhora da creche logo me mandou sentar de volta e disse: ele deve esperar você terminar. E foi o que aconteceu. O menininho pequenininho, com seus pouco mais de 3 anos ficou em pé de frente para a mesa, com seu lanche a mão esperando tranquilamente sem nada falar. Assim que vagou um lugar ele sentou-se mas não antes de esperar que a criança antes la sentada limpasse e recolhesse o que comeu e os utensílios de xícara e prato.

Alem disso, as crianças tinham que levar os utensílios que usavam para o local certo e na forma certa. Xícara com xícara, prato com prato, copo com copo. Nada desorganizado. O lixo que cada um produzia também era colocado no local certo. Guardanapo no lixo de papel, plástico no lixo de plástico, resto de comida no lixo dos restos. E toda criancinha parecia fazer isso automaticamente. Filho aprendeu rapidinho não só isso, mas as várias regras da sala; apesar de fazer isso observando por não entender o idioma. Foi uma semana de adaptação e aprendizado não só para o filho mas para a mamãe dele também. Quanta diferença da creche no Brasil!!!

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Desmamando a minha bebezinha com Nutella

Eu sempre fui uma mãe consciente dos perigos e efeitos da alimentação na saúde dos pequenos. E sempre cuidei disso muito bem. Pesquisando, lendo, aprendendo e indo contra até a forma que eu fui criada e lutando contra ideias que viessem a interferir na dieta dos meus filhos e por em risco não só a saúde deles, mas uma educação saudável. Muitas vezes para não me desgastar na família, fraquejei e muitas vezes fui corajosa em prol dos meus filhos. Orgulho-me mais da segunda parte e lamento todas as vezes que cedi para agradar a outros que estavam com certeza mais preocupados com suas teses pessoais do que comprometidos com a saúde dos meus filhos.

Mas na Alemanha cometi um erro. Aceitei sugestões e usei a Nutella para desmamar a minha baby. Aqui as crianças bem pequenas comem chocolate. E a desculpa sempre ouvida é que o chocolate ingerido pelas crianças não é o mesmo dos adultos. É o kinder chocolate, que é um chocolate só para crianças. Sim, é verdade que na Alemanha há mesmo essa diferenciação. Há chocolates para adultos e há chocolates para crianças. A Nutella é no entanto uma unanimidade. Deliciado tanto por crianças e adultos. É degustado no café da manha ou no lanche e já faz parte da cultura culinária da Alemanha.
  

Mais uma vez sofri pressões. Eu queria que a nina se adaptasse rápido ao jeito disciplinado e silencioso de ser das outras crianças alemãs. Mas pedindo alto pelo peito como é característico não só da minha bebezinha mas foi do meu filho também, isso não iria acontecer.

A minha filha era diferente do meu menino e a igualdade entre os filhos também está em saber ver as diferenças. A dentição da minha menina veio mais cedo e com um ano e meio ela mordia a mama com seus dentes afiados. E eu ainda aguentei isso meses depois, mas com 1 ano, 11 meses e 22 dias tive que desmamar a minha filha  embora desejasse ir até os 2 anos como com meu filho. As duas razoes eram essas acima. Ma só tarefa difícil!!!! Tanto para mim quanto para ela.

Amamentação para mim é coisa seríssima, é um ato de amor e abnegação. E é uma das coisas na maternidade que mais me realizam e me dão felicidade. Eu sei o enorme bem que estou fazendo. E isso me enche de alegria e orgulho!!!

Em meio a dificuldade lá se vem os conselhos…..e uma mãe alemã acabara de me dizer: “com nutella ela larga o peito rapidinho“. Devido a uma certa carta congregacional onde a minha bebezinha era citada…eu queria isso: rapidez. Dai o meu erro. Ceder a pressão , deixar que atitudes de outros afetem minha família. Pais, mães, nunca permitam isso. É o alerta que dou. Mesmo que sejam de boas pessoas, amigos, familiares.

Mas lá se esta aqui eu na Alemanha e tentando desmamar a temperament bebezinha de 1 ano e 11 meses Nina. Nutella vamos nós. Eu tentei e deu certo, mas nunca mais a Nina quis largar a Nutella e quando eu me queixo e digo que foi um erro as mães me dizem: ela ia se apaixonar por nutella de qualquer jeito. Ela está na Alemanha. Relaxa...

Já meu filhodesmamei mais lentamente lá no Brasil e a tática foi ele cuidar do “pepe” da mamãe que tava “dodói”. Ele passava remedinho, gotas,colocava bandaid. Meu filho só experimentou chocolate com 3 anos e nem conhecia a Nutella. Eu simplesmente não oferecia nada no lugar do peito a não ser muito carinho. Fiz o mesmo com a minha menina, mas a danada é mais esperta que o meu filho era e tirava o bandaid. Então socorro Nutella!!!!

E assim minha bebezinha esta desmamada. Com a boca toda suja de Nutella ela me diz: nininha mamar pepe não é? Pepe dodoiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. E a mãe aqui não sabia o que doia mais: se o fato de ela não mamar mais ou de vê-la comendo nutella tão bebezinha. Com certeza não era o pepe que dói, mas o coração e a consciência de mãe.

sábado, 28 de abril de 2007

MUDANCA PARA A CASA

Como é uma mudança na Alemanha.

Nossos novos amigos da congregação ajudaram como puderam para encontrarmos a casa ideal para a nossa família. Muitos deles nos levaram para conhecer casas que eles haviam pesquisado na região. Tarefa não fácil já que não há muitas casas para alugar, numa cidade pequena , a maioria das casas são propriedades próprias e os aptos disponíveis não eram ideal para a nossa família que precisava de espaço principalmente levando em consideração os longos meses de frio aonde a casa seria o espaço de 90% do tempo das crianças. Após um tempo de busca achamos. O mais maravilhoso é que a casa era novinha em folha, acabando de ser construída, coisa rara por aqui, onde as casas são antigas de 40, 100, 200 anos. Numa rua bem central na cidade, perto dos Wolfs e ainda tinha duas famílias de testemunhas de Jeová na mesma rua. Ou seja, de vizinhança já estamos garantidos.

Por duas semanas uma média de 15 pessoas entravam e saiam da casa. A congregação se organizou para nos ajudar. Na Alemanha mesmo um apto já antigo vem vazio. Não vem armários, nem tomada, nada. Tudo vazio. A cozinha nem com pia vem. Nem mesmo quando é para alugar. Eu cometi um erro do Brasil quando meu marido me mandou a foto de uma casa graciosa mas que a foto da cozinha aparecia o local da pia vazio, um buraco apenas, ai descartei essa casa pois na minha visão brasileira acharíamos uma com pia etc. A gente tem que se informar sobre como são as coisas no pais que se pretende morar. Em especial sobre moradia.

Ainda bem que contamos com os irmãos. Não sei o que seria de nós sem eles. O colega do marido que veio de Portugal teve que trazer o sogro e outro parente para ajudá-lo na mudança e na montagem da casa. E ainda assim gastaram uma fortuna e num apto bem pequeno. Tudo é muito caro aqui quando envolve mão de obra. E nós tivemos tudo de graça. Nossa família e parentes eram pessoas que nunca havíamos visto antes. Benjamim por exemplo: ele é gerente de Banco. Saia às 18:00 e de lá vinha direto para a nossa casa, trocava de roupa e começava a trabalhar. Fez isso por uma semana, juntamente com sua esposa Karina e a Gemima. Os três colocaram todo o papel de parede dos quartos em cima. Que trabalhão é isso viu! O papel parede aqui não é opção. Tem que colocar antes da pintura. Tem a ver com revestimento para o frio. O Rafael Manca é eletricista então ele cuidou de toda a instalação elétrica da cozinha, pois o fogão, o forno, a máquina de lavar, pia etc são elétricos. Como ele trabalha por conta própria ele podia vir durante o dia. Pessoas como a Ruth, o marido dela, Udo , a própria família Wolf e tantos outros pintaram as salas, instalaram as tomadas com protetores próprios para as crianças e etc. A Karola e o Fred Wolf pintaram a cozinha. A Karola também guardou e organizou tudo nos armários. Ela colocava tudo com sentido. Tuperwares abaixo do microondas, café, papel de café, xícaras, canecas etc ao lado da cafeteira, pratos perto da maquina de lavar, panelas perto do fogão, copos perto da pia para se beber agua (aqui se bebe água direto da pia) e assim sucessivamente.

Também a Karola fez as cortinas cujos tecidos belíssimos foram presenteados por uma irmã idosa da nossa congregação. Ela mesma veio monta-las e comprou os porta cortinas de inox.


Ganhei cortinas também da Marlene Figer e da Renata. Outras senhoras maravilhosas que muito ajudaram. E os presentes não paravam de chegar. Eles perguntavam: Já tem copos, já tem panelas, está faltando o que na cozinha? E ai apareciam com o que eles tinham em casa sobrando ou disponível. Ganhamos todo o quarto das crianças com ursos de pelúcia e brinquedos incluso. Móveis para sala, para o quarto de hóspedes, guarda roupa para rouparia, armário para a lavandeira,etc. 80% dos moveis foram doados. Nosso quarto veio dos Zimmermans. O irmão Zimmermman acabara de casar de novo (detalhe: ele tinha na época 73 anos) e nos doou o quarto que teve com a antiga esposa por 40 anos, ele nos deu de presente também toda a louça chique. Porcelanas maravilhosas, conjunto de jantar completo com até taças de champagne e tudo. A família Smith de Westerburg, outra congregação nos deu muitos móveis. Eles serviram como missionários na América do Sul (Equador) e falam espanhol e souberam de nossa presença aqui logo nos procuraram e ofereceram ajuda. A Gemima me deu alguns móveis entre eles um sofá para o quarto de brinquedos e a escrivaninha que até hoje é o meu móvel de estimação por ser tipicamente alemão. Rebeca e Marlene nos trouxeram conjunto de lençol de cama e toalhas. A Maria Wolf também me presenteou com um conjunto de lençol de cama e os abajurs do nosso quarto, um par da Espanha, azuis lindos de porcelana. O Ralph nos trouxe móveis para a biblioteca, corredor e assim não parava de chegar coisas. Ahhhh... e como o Ralph ajudou. Ele foi um dos que montou os móveis novos, pois aqui na Alemanha vem tudo desmontado. marido quebrou a cabeça para aprender, mas os homens da congregação ajudaram. Ler as instruções que vem com os móveis em alemão e ainda montar sozinho seria um pesadelo para quem está chegando. Henry Ochola, nosso irmão africano, também foi uma ajuda e tanto. Poxa, são tantos que não da para citar todos, mas nós não esquecemos de nenhum deles, estão em nossos corações e possuem nossa gratidão eterna.

Ufa como é bom ter amigos!!!


Achei incrível como eles se organizavam na casa para o trabalho. Crianças, idosos, jovens, cada qual fazia o que podia e no dia da semana que tivessem disponíveis. Teve gente que tirou folga no trabalho para participar da mudança. Quem não podia estar na casa trabalhando, como as mães com filhos pequenos, traziam lanche, café, água para quem trabalhava e montavam a mesa. A hora do lanche era uma diversão. Eu era uma dessas mães com filhos pequenos, além de não saber fazer nada. Eu e o marido ficávamos cada vez mais impressionados. Até as crianças sabiam pintar parede!!! Então minha contribuição foi fazendo comida. Um dia trouxe brigadeiro, outro bolo, outro torta …

A mudança foi feita por vários mas encabeçada pelos Wolfs. Alfred e Thomas trouxeram nossas caixas com a ajuda de outros rapazes da congregação. Observei pelo apto que eles mal tocavam nas caixas. Transportavam- as com um carrinho até o carro. Não andavam com peso. Pensei nos coitados dos funcionários de mudança no Brasil que cedo tinham problema nas costas de carregar peso. A funcionalidade aqui faz o trabalho prático e saudável. Observei também que eles usavam roupas especiais para trabalhar, até pareciam profissionais. Tudo muito organizado, limpo. Luvas, capacetes, eles tinham tudo.O Fred Wolf organizou a lavandeira, colocou as máquinas, pregou os varais, o armário de material de limpeza etc. Essas máquinas compramos novas com a ajuda do Thomas que nos conseguiu um desconto numa loja onde a firma dele é cliente, assim como foi com os armários da cozinha. Limpeza geral também teve colaboradores, não ficamos sozinhos em momento algum. A ajuda foi total. Só ficou para nos colocar nos móveis roupas e objetos pessoais.
  

E assim a casa ficou pronta através de um mutirao de amor e abnegação em prol de estranhos, recém chegados mas muito, já muito amados : Nós, os brasileios, novos habitantes locais, nome colocado na porta de correio da nossa casa endereçada nessa cidade florestal na Alemanha.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

OS 3 PRIMEIROS MESES

Adaptação pelas mãos de uma típica família Alemã.

 
Foi muito bom que nossos 3 primeiros meses tenham sido na propriedade dos Wolfs porque nós fomos engajados aos poucos na cultura, aprendendo do dia a dia. Apesar de serem bem resguardados em comparação a nossa cultura, aprendemos com eles; eu observava muito pela janela do apto além das aulas que constantemente apareciam em cada oportunidade como na hora de jogar nosso lixo fora, a limpeza do apto, a lavagem de roupa que era feita na lavanderia dos Wolfs com a ajuda da Karolla e da Maria e assim por diante. A primeira lavagem elas fizeram amorosamente para mim e entregaram na porta do apto em uma cesta. Ali vi a forma funcional que aquelas mulheres lavavam, secavam, dobravam e transportavam suas roupas.Eu observei que elas usam muito cestos de fibra natural ao invés de plásticos e que as dobras das roupas eram perfeitas. Lavanderia tem suas normas sérias também na Alemanha!! As máquinas são poderosíssimas e lavam quase tudo. A opção de roupa sensível realmente vale para tudo que é sensível e a opção lavagem de mão realmente e para roupas lavadas normalmente a mão, mas que a máquina lava por você. No Brasil não aprendi a separar as cores e os graus (temperatura de lavagem) da forma que eu aprendi aqui e nem mesmo nos Estados Unidos. Aqui a separação é mais complexa, mais variada. Eu escutava atentamente as orientações da Maria e da Karola, mas o que aprendi ali mesmo foi o respeito, a consideração e as formas de boa convivência entre Nora e sogra. Apesar da propriedade ser enorme elas dividem a mesma lavanderia e tudo extremamente organizado. Tudo funciona e se dão bem mesmo. Uau!!!! pensei no texto bíblico: “qual lindo é irmãos viverem em uniao”.

Os Wolfs foram maravilhosos. Amorosos, pacientes com a diferença da nossa cultura e sempre prontos para ensinar e falar sobre a forma de viver do alemão.

Com o Thomas, em inglês, esclarecíamos as duvidas e falávamos das diferenças entre o que víamos aqui e do que é la no Brasil.

Eu sentia o espírito santo de Deus naquela propriedade. Era muito encorajante ver o Alfred estudando a bíblia no escritório dele bem ao lado do nosso apto. Era rotineiro. Todas as tardes no mesmo horário ele sentava e estudava a bíblia. Alias, tudo era muito rotineiro no dia a dia do Alfred. Ordeiro !!!! Ele tinha a hora de cuidar do jardim, a hora de passear com os cachorros, a hora de limpar coisas, carro etc, a hora de estudar a bíblia e a hora de estar lá em cima no apto dele.

Era maravilhoso também ver os membros da família saindo para a pregação das boas novas. Pessoas tão bem financeiramente, mas com tempo e humildade para sair e pregar sobre a bíblia de casa em casa. Uau!!!Isso é comum no Brasil também, mas o que chamava minha atenção era a diferença cultural, uma outra forma de fazer as coisas que logo percebi serem bem peculiares ao jeito alemão de viver. Tudo me causava admiração, e eu observava da janela enquanto pensava: que privilégio poder conviver com essa família!!!!! O Alfred serve como ancião presidente da congregação e o Thomas é um dos anciãos e dirigente do estudo da sentinela na congregação. Eles cuidaram dos nossos assuntos congregacionais e chegada do Brasil com muito amor. Muito amor mesmo!!!!!!! Agradecíamos ao nosso Deus pela surpresa de ver que alemães podem ser tão amorosos, flexíveis, compreensivos e respeitosos com as diferenças culturais de um Pais tão diferente dos deles. E esse amor e carinho que eles devotaram a nós foram muito importante na nossa adaptação a esse País tão diferente que é a Alemanha. Sem duvida somos estrangeiros privilegiados em ter uma família assim cuidando e nos guiando em nossa adaptação na Alemanha. Isso é o amor agape. Isso sim é um privilégio ímpar.

Dei um buque de agradecimento para a família Wolf por todo o apoio.