segunda-feira, 30 de abril de 2007

Desmamando a minha bebezinha com Nutella

Eu sempre fui uma mãe consciente dos perigos e efeitos da alimentação na saúde dos pequenos. E sempre cuidei disso muito bem. Pesquisando, lendo, aprendendo e indo contra até a forma que eu fui criada e lutando contra ideias que viessem a interferir na dieta dos meus filhos e por em risco não só a saúde deles, mas uma educação saudável. Muitas vezes para não me desgastar na família, fraquejei e muitas vezes fui corajosa em prol dos meus filhos. Orgulho-me mais da segunda parte e lamento todas as vezes que cedi para agradar a outros que estavam com certeza mais preocupados com suas teses pessoais do que comprometidos com a saúde dos meus filhos.

Mas na Alemanha cometi um erro. Aceitei sugestões e usei a Nutella para desmamar a minha baby. Aqui as crianças bem pequenas comem chocolate. E a desculpa sempre ouvida é que o chocolate ingerido pelas crianças não é o mesmo dos adultos. É o kinder chocolate, que é um chocolate só para crianças. Sim, é verdade que na Alemanha há mesmo essa diferenciação. Há chocolates para adultos e há chocolates para crianças. A Nutella é no entanto uma unanimidade. Deliciado tanto por crianças e adultos. É degustado no café da manha ou no lanche e já faz parte da cultura culinária da Alemanha.
  

Mais uma vez sofri pressões. Eu queria que a nina se adaptasse rápido ao jeito disciplinado e silencioso de ser das outras crianças alemãs. Mas pedindo alto pelo peito como é característico não só da minha bebezinha mas foi do meu filho também, isso não iria acontecer.

A minha filha era diferente do meu menino e a igualdade entre os filhos também está em saber ver as diferenças. A dentição da minha menina veio mais cedo e com um ano e meio ela mordia a mama com seus dentes afiados. E eu ainda aguentei isso meses depois, mas com 1 ano, 11 meses e 22 dias tive que desmamar a minha filha  embora desejasse ir até os 2 anos como com meu filho. As duas razoes eram essas acima. Ma só tarefa difícil!!!! Tanto para mim quanto para ela.

Amamentação para mim é coisa seríssima, é um ato de amor e abnegação. E é uma das coisas na maternidade que mais me realizam e me dão felicidade. Eu sei o enorme bem que estou fazendo. E isso me enche de alegria e orgulho!!!

Em meio a dificuldade lá se vem os conselhos…..e uma mãe alemã acabara de me dizer: “com nutella ela larga o peito rapidinho“. Devido a uma certa carta congregacional onde a minha bebezinha era citada…eu queria isso: rapidez. Dai o meu erro. Ceder a pressão , deixar que atitudes de outros afetem minha família. Pais, mães, nunca permitam isso. É o alerta que dou. Mesmo que sejam de boas pessoas, amigos, familiares.

Mas lá se esta aqui eu na Alemanha e tentando desmamar a temperament bebezinha de 1 ano e 11 meses Nina. Nutella vamos nós. Eu tentei e deu certo, mas nunca mais a Nina quis largar a Nutella e quando eu me queixo e digo que foi um erro as mães me dizem: ela ia se apaixonar por nutella de qualquer jeito. Ela está na Alemanha. Relaxa...

Já meu filhodesmamei mais lentamente lá no Brasil e a tática foi ele cuidar do “pepe” da mamãe que tava “dodói”. Ele passava remedinho, gotas,colocava bandaid. Meu filho só experimentou chocolate com 3 anos e nem conhecia a Nutella. Eu simplesmente não oferecia nada no lugar do peito a não ser muito carinho. Fiz o mesmo com a minha menina, mas a danada é mais esperta que o meu filho era e tirava o bandaid. Então socorro Nutella!!!!

E assim minha bebezinha esta desmamada. Com a boca toda suja de Nutella ela me diz: nininha mamar pepe não é? Pepe dodoiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. E a mãe aqui não sabia o que doia mais: se o fato de ela não mamar mais ou de vê-la comendo nutella tão bebezinha. Com certeza não era o pepe que dói, mas o coração e a consciência de mãe.

sábado, 28 de abril de 2007

MUDANCA PARA A CASA

Como é uma mudança na Alemanha.

Nossos novos amigos da congregação ajudaram como puderam para encontrarmos a casa ideal para a nossa família. Muitos deles nos levaram para conhecer casas que eles haviam pesquisado na região. Tarefa não fácil já que não há muitas casas para alugar, numa cidade pequena , a maioria das casas são propriedades próprias e os aptos disponíveis não eram ideal para a nossa família que precisava de espaço principalmente levando em consideração os longos meses de frio aonde a casa seria o espaço de 90% do tempo das crianças. Após um tempo de busca achamos. O mais maravilhoso é que a casa era novinha em folha, acabando de ser construída, coisa rara por aqui, onde as casas são antigas de 40, 100, 200 anos. Numa rua bem central na cidade, perto dos Wolfs e ainda tinha duas famílias de testemunhas de Jeová na mesma rua. Ou seja, de vizinhança já estamos garantidos.

Por duas semanas uma média de 15 pessoas entravam e saiam da casa. A congregação se organizou para nos ajudar. Na Alemanha mesmo um apto já antigo vem vazio. Não vem armários, nem tomada, nada. Tudo vazio. A cozinha nem com pia vem. Nem mesmo quando é para alugar. Eu cometi um erro do Brasil quando meu marido me mandou a foto de uma casa graciosa mas que a foto da cozinha aparecia o local da pia vazio, um buraco apenas, ai descartei essa casa pois na minha visão brasileira acharíamos uma com pia etc. A gente tem que se informar sobre como são as coisas no pais que se pretende morar. Em especial sobre moradia.

Ainda bem que contamos com os irmãos. Não sei o que seria de nós sem eles. O colega do marido que veio de Portugal teve que trazer o sogro e outro parente para ajudá-lo na mudança e na montagem da casa. E ainda assim gastaram uma fortuna e num apto bem pequeno. Tudo é muito caro aqui quando envolve mão de obra. E nós tivemos tudo de graça. Nossa família e parentes eram pessoas que nunca havíamos visto antes. Benjamim por exemplo: ele é gerente de Banco. Saia às 18:00 e de lá vinha direto para a nossa casa, trocava de roupa e começava a trabalhar. Fez isso por uma semana, juntamente com sua esposa Karina e a Gemima. Os três colocaram todo o papel de parede dos quartos em cima. Que trabalhão é isso viu! O papel parede aqui não é opção. Tem que colocar antes da pintura. Tem a ver com revestimento para o frio. O Rafael Manca é eletricista então ele cuidou de toda a instalação elétrica da cozinha, pois o fogão, o forno, a máquina de lavar, pia etc são elétricos. Como ele trabalha por conta própria ele podia vir durante o dia. Pessoas como a Ruth, o marido dela, Udo , a própria família Wolf e tantos outros pintaram as salas, instalaram as tomadas com protetores próprios para as crianças e etc. A Karola e o Fred Wolf pintaram a cozinha. A Karola também guardou e organizou tudo nos armários. Ela colocava tudo com sentido. Tuperwares abaixo do microondas, café, papel de café, xícaras, canecas etc ao lado da cafeteira, pratos perto da maquina de lavar, panelas perto do fogão, copos perto da pia para se beber agua (aqui se bebe água direto da pia) e assim sucessivamente.

Também a Karola fez as cortinas cujos tecidos belíssimos foram presenteados por uma irmã idosa da nossa congregação. Ela mesma veio monta-las e comprou os porta cortinas de inox.


Ganhei cortinas também da Marlene Figer e da Renata. Outras senhoras maravilhosas que muito ajudaram. E os presentes não paravam de chegar. Eles perguntavam: Já tem copos, já tem panelas, está faltando o que na cozinha? E ai apareciam com o que eles tinham em casa sobrando ou disponível. Ganhamos todo o quarto das crianças com ursos de pelúcia e brinquedos incluso. Móveis para sala, para o quarto de hóspedes, guarda roupa para rouparia, armário para a lavandeira,etc. 80% dos moveis foram doados. Nosso quarto veio dos Zimmermans. O irmão Zimmermman acabara de casar de novo (detalhe: ele tinha na época 73 anos) e nos doou o quarto que teve com a antiga esposa por 40 anos, ele nos deu de presente também toda a louça chique. Porcelanas maravilhosas, conjunto de jantar completo com até taças de champagne e tudo. A família Smith de Westerburg, outra congregação nos deu muitos móveis. Eles serviram como missionários na América do Sul (Equador) e falam espanhol e souberam de nossa presença aqui logo nos procuraram e ofereceram ajuda. A Gemima me deu alguns móveis entre eles um sofá para o quarto de brinquedos e a escrivaninha que até hoje é o meu móvel de estimação por ser tipicamente alemão. Rebeca e Marlene nos trouxeram conjunto de lençol de cama e toalhas. A Maria Wolf também me presenteou com um conjunto de lençol de cama e os abajurs do nosso quarto, um par da Espanha, azuis lindos de porcelana. O Ralph nos trouxe móveis para a biblioteca, corredor e assim não parava de chegar coisas. Ahhhh... e como o Ralph ajudou. Ele foi um dos que montou os móveis novos, pois aqui na Alemanha vem tudo desmontado. marido quebrou a cabeça para aprender, mas os homens da congregação ajudaram. Ler as instruções que vem com os móveis em alemão e ainda montar sozinho seria um pesadelo para quem está chegando. Henry Ochola, nosso irmão africano, também foi uma ajuda e tanto. Poxa, são tantos que não da para citar todos, mas nós não esquecemos de nenhum deles, estão em nossos corações e possuem nossa gratidão eterna.

Ufa como é bom ter amigos!!!


Achei incrível como eles se organizavam na casa para o trabalho. Crianças, idosos, jovens, cada qual fazia o que podia e no dia da semana que tivessem disponíveis. Teve gente que tirou folga no trabalho para participar da mudança. Quem não podia estar na casa trabalhando, como as mães com filhos pequenos, traziam lanche, café, água para quem trabalhava e montavam a mesa. A hora do lanche era uma diversão. Eu era uma dessas mães com filhos pequenos, além de não saber fazer nada. Eu e o marido ficávamos cada vez mais impressionados. Até as crianças sabiam pintar parede!!! Então minha contribuição foi fazendo comida. Um dia trouxe brigadeiro, outro bolo, outro torta …

A mudança foi feita por vários mas encabeçada pelos Wolfs. Alfred e Thomas trouxeram nossas caixas com a ajuda de outros rapazes da congregação. Observei pelo apto que eles mal tocavam nas caixas. Transportavam- as com um carrinho até o carro. Não andavam com peso. Pensei nos coitados dos funcionários de mudança no Brasil que cedo tinham problema nas costas de carregar peso. A funcionalidade aqui faz o trabalho prático e saudável. Observei também que eles usavam roupas especiais para trabalhar, até pareciam profissionais. Tudo muito organizado, limpo. Luvas, capacetes, eles tinham tudo.O Fred Wolf organizou a lavandeira, colocou as máquinas, pregou os varais, o armário de material de limpeza etc. Essas máquinas compramos novas com a ajuda do Thomas que nos conseguiu um desconto numa loja onde a firma dele é cliente, assim como foi com os armários da cozinha. Limpeza geral também teve colaboradores, não ficamos sozinhos em momento algum. A ajuda foi total. Só ficou para nos colocar nos móveis roupas e objetos pessoais.
  

E assim a casa ficou pronta através de um mutirao de amor e abnegação em prol de estranhos, recém chegados mas muito, já muito amados : Nós, os brasileios, novos habitantes locais, nome colocado na porta de correio da nossa casa endereçada nessa cidade florestal na Alemanha.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

OS 3 PRIMEIROS MESES

Adaptação pelas mãos de uma típica família Alemã.

 
Foi muito bom que nossos 3 primeiros meses tenham sido na propriedade dos Wolfs porque nós fomos engajados aos poucos na cultura, aprendendo do dia a dia. Apesar de serem bem resguardados em comparação a nossa cultura, aprendemos com eles; eu observava muito pela janela do apto além das aulas que constantemente apareciam em cada oportunidade como na hora de jogar nosso lixo fora, a limpeza do apto, a lavagem de roupa que era feita na lavanderia dos Wolfs com a ajuda da Karolla e da Maria e assim por diante. A primeira lavagem elas fizeram amorosamente para mim e entregaram na porta do apto em uma cesta. Ali vi a forma funcional que aquelas mulheres lavavam, secavam, dobravam e transportavam suas roupas.Eu observei que elas usam muito cestos de fibra natural ao invés de plásticos e que as dobras das roupas eram perfeitas. Lavanderia tem suas normas sérias também na Alemanha!! As máquinas são poderosíssimas e lavam quase tudo. A opção de roupa sensível realmente vale para tudo que é sensível e a opção lavagem de mão realmente e para roupas lavadas normalmente a mão, mas que a máquina lava por você. No Brasil não aprendi a separar as cores e os graus (temperatura de lavagem) da forma que eu aprendi aqui e nem mesmo nos Estados Unidos. Aqui a separação é mais complexa, mais variada. Eu escutava atentamente as orientações da Maria e da Karola, mas o que aprendi ali mesmo foi o respeito, a consideração e as formas de boa convivência entre Nora e sogra. Apesar da propriedade ser enorme elas dividem a mesma lavanderia e tudo extremamente organizado. Tudo funciona e se dão bem mesmo. Uau!!!! pensei no texto bíblico: “qual lindo é irmãos viverem em uniao”.

Os Wolfs foram maravilhosos. Amorosos, pacientes com a diferença da nossa cultura e sempre prontos para ensinar e falar sobre a forma de viver do alemão.

Com o Thomas, em inglês, esclarecíamos as duvidas e falávamos das diferenças entre o que víamos aqui e do que é la no Brasil.

Eu sentia o espírito santo de Deus naquela propriedade. Era muito encorajante ver o Alfred estudando a bíblia no escritório dele bem ao lado do nosso apto. Era rotineiro. Todas as tardes no mesmo horário ele sentava e estudava a bíblia. Alias, tudo era muito rotineiro no dia a dia do Alfred. Ordeiro !!!! Ele tinha a hora de cuidar do jardim, a hora de passear com os cachorros, a hora de limpar coisas, carro etc, a hora de estudar a bíblia e a hora de estar lá em cima no apto dele.

Era maravilhoso também ver os membros da família saindo para a pregação das boas novas. Pessoas tão bem financeiramente, mas com tempo e humildade para sair e pregar sobre a bíblia de casa em casa. Uau!!!Isso é comum no Brasil também, mas o que chamava minha atenção era a diferença cultural, uma outra forma de fazer as coisas que logo percebi serem bem peculiares ao jeito alemão de viver. Tudo me causava admiração, e eu observava da janela enquanto pensava: que privilégio poder conviver com essa família!!!!! O Alfred serve como ancião presidente da congregação e o Thomas é um dos anciãos e dirigente do estudo da sentinela na congregação. Eles cuidaram dos nossos assuntos congregacionais e chegada do Brasil com muito amor. Muito amor mesmo!!!!!!! Agradecíamos ao nosso Deus pela surpresa de ver que alemães podem ser tão amorosos, flexíveis, compreensivos e respeitosos com as diferenças culturais de um Pais tão diferente dos deles. E esse amor e carinho que eles devotaram a nós foram muito importante na nossa adaptação a esse País tão diferente que é a Alemanha. Sem duvida somos estrangeiros privilegiados em ter uma família assim cuidando e nos guiando em nossa adaptação na Alemanha. Isso é o amor agape. Isso sim é um privilégio ímpar.

Dei um buque de agradecimento para a família Wolf por todo o apoio.