sábado, 10 de março de 2007

NOSSO PRIMEIRO DEUTSCH FRÜHSTÜCK






Foi uma lição difícil de disciplina e lei.

Nossos novos amigos anfitrioes aqui nesse dia, são uma linda família.  Rafael é um alemão de pais italianos, Silk a típica alemã e Loui uma misturinha perfeita deles e da mesma idade do nosso filho. Mas eu diria que culturalmente são extremamente alemães. Por falarem inglês se tornaram próximos de nossa família rapidinho. Eles logo trataram de se aproximar e nos fazer sentir em casa. Para que eu não ficasse em casa tanto tempo sozinha convidaram as crianças e eu para um tradicional café na família do Rafael no feriado em que meu marido trabalhava. A Família dele mora nas redondezas, em uma das muitas vilas próximas. Mas a viagem foi difícil para nós.
Minhafilha muito bebezinha chorava muito por não estar acostumada a ir o tempo inteiro sentada na cadeirinha e tão amarrada. Cheguei na casa enjoada das curvas e subidas pela montanha. Sentia-me subindo a serra no Brasil. O café, apesar de em casa de descendentes de italianos me pareceu muito alem ao. Eu já conhecia a tradição dos frios , carnes e ovos cozidos, mas naquele dia aprendi também que se toma vinho e champagne no café da manha aqui. Tentei experimentar de tudo um pouco, mas o enjoo me atrapalhou. Estava também tensa com as crianças as quais ficaram soltas pela casa. Não antes de comer com os adultos após a oração. Era uma família inteira de testemunha de Jeová. E quanta gente!! Todos reunidos à mesa que era enorme e dava curva na cozinha da casa. Jovens e bem idosos juntos. Era uma tradição familiar e fiquei lisonjeada de ter sido inclusa com meus filhos, ainda mais sabendo que os alemães são tão fechados. Meu filho sumiu da minha vista e foi com as outras crianças para um andar superior onde eu não podia escutá-lo. Isso era terrível para uma mãe que gosta de ter a supervisão dos filhos sob olhos e ouvidos. Fui lá uma hora checar e tinham muitas crianças da idade dele todas juntas brincando num quarto lotado de brinquedos e instrumentos. Fiquei mais tranquila. A minha baby eu podia manter comigo pois ainda era bebe, mas foi um trabalho duro controlar sozinha a agitação dela em um ambiente onde os bebezinhos eram tão calminhos, pareciam não estar ali enquanto a nina estava na idade de mexer e descobrir o mundo a sua volta e com o temperamento latino como logo a denominaram.


A Volta foi mais difícil ainda. Eu acho que não era só eu que estava enjoando nas curvas mas a minha bebezinha também que não parava de chorar. E ali foi um grande tormento, um dos meus primeiros na Alemanha sobre a disciplina tão distante aos brasileiros. Eu pensei em agir como naturalmente agiria no Brasil, tentar acalmar a Nina e oferecer meu colo, mas sem antes perguntar respeitosamente ao Rafael e a Silk se eu podia pegá-la e tentar acalmá-la no colo. Eu imaginava que certamente a lei da cadeirinha era mais rígida que no Brasil. Na verdade nessa época no Brasil nem era lei, era uma opção dos pais. Mas ali, diante daquela situação que já estava desesperadora pelo fato da minha baby não só não parar de chorar, mas de chorar muito alto (e olha que a minha baby tem um timbre de voz capaz de assustar até os Italianos) eu imaginei também que eles iam preferir que eu a pegasse no colo a aguentar tanto tempo aquele barulhao nos ouvidos. Eu estava enganada. Recebi um carinhoso e FIRME não. E a primeira lição de disciplina começou a me ser dada por Rafael e Silk. Eles me explicaram a lei da cadeirinha, que era proibido bebe ir no colo da mãe com o carro em movimento. Ai eu respeitosamente perguntei se eles não queriam parar então o carro para que eu a acalentasse, desse o peito, para que o choro dela não os aborrecesse. (Alem de aborrece-los eu também estava ansiosa por acalmar meu bebezinho né). Recebi outro NÃO. Firme e carinhoso. Dai eles passaram a me dar uma aula sobre disciplina infantil. Que pai e mãe tinham mesmo que se acostumar com choro e não se deixar cair por ele, que se eu fizesse o que ela quer ali ela iria chorar sempre para ter as coisas que quer na hora que quer e que eu tinha que mostrar a ela que EU era a chefe e não ela, e que ela tinha que aprender a esperar. (nessa hora minha cabeça de mãe brasileira só pensava: mas ela deve estar enjoada assim como eu….meu peito ia alivia-la….) mas eu não disse nada. Ouvi respeitosamente as instruções, desculpei-me pela choradeira e perguntei se eles não estavam incomodados e eles disseram: não, nós aguentamos, sem problemas. Você aguenta? me perguntaram com humor e risos. EU, nessa hora tive vontade de dizer que não, mas disse sim e rangi os dentes como se diz no Brasil, até chegar em casa. Fui tentando acalmar a nina e a medida que ela levantava os bracinhos pra mim eu chorava por dentro. Foi um abalo viu. Foi uma das viagens mais longas da minha vida e depois soube que o lugar era pertinho…nem lembro quanto tempo foi. Talvez 30 ou 40 min, não sei. Mas foi uma eternidade. Eu não entendi por muito tempo como eles aguentaram tanto choro e alto!!!!!!! No Brasil algumas pessoas da família se irritavam com o choro da minha filhae não aguentavam mesmo. Mas eles não pareciam abalados e nem sequer incomodados. Era tudo natural para eles.

Despedi-me deles me desculpando muito pelos choros e expliquei que ela era acostumada a andar no carro de vez em quando no meu colo quando chorava ou algo diferente ocorria e a viagem era esse algo diferente pra ela devido a altitude do lugar. Eles responderam naturalmente: NO problem, ela vai ter que aprender e você também.

Agradeci não só a tamanha hospitalidade e o convite mas a paciência na viagem em aguentar os choros  e corri com meus filhos imediatamente para dentro do apto. A primeira coisa que fiz foi acalentar minha bebezinha e depois corri para o banheiro ainda com ela nos braços e vomitei, vomitei muito!!! Seria a viagem, a comida diferente logo de manha, a champagne, ou o stress emocional da lei da cadeirinha??? Acho que tudo junto! mas que foi um alivio o fim dessa viagem e poder pegar minha bebezinha no colo e amamentá-la e fazê-la se sentir segura em meus braços e amada ah isso foi. Meu fiho meio sem entender nos seus 5 aninhos o que houve só disse: minha irmanzinha chorou muito…. E eu, restabelecida do stress emocional, marquei duas coisas na mente: a rigidez da lei da cadeirinha e que bebê na Alemanha pode chorar nos ouvidos dos outros contanto que aprenda. E a lição do dia foi: Eu tenho que aprender e a minha bebezinha também. Ufa!!! Bem vindas  a disciplina Alemã.

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